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Três Lagoas

Polícia Federal indicia ex-prefeito e mais pessoas em Água Clara

A operação denominada ?Barnum?, conta com o auxilio da Controladoria Geral da União

Na manhã de ontem cerca de 60 policiais federais e oito servidores da Controladoria Geral da União (CGU) cumpriram 15 mandados de busca e apreensão de bens e documentosem Água Clara. A ação foi resultado à investigação de supostas irregularidades em processos licitatórios realizados na prefeitura durante a gestão 2008/2012.

Além de Água Clara, a ação também recolheu documentos na capital Campo Grande e na zona rural de Figueirão. A operação, denominada “Barnum”, tem como objetivo apurar um esquema de corrupção que direcionava as licitações e beneficiava um grupo de empresas que participavam dos pregões. Conforme informações da PF, as investigações apontaram que cerca de R$ 3,6 milhões em recursos públicos foram desviados da Prefeitura de Água Clara, durante a gestão do ex-prefeito Edvaldo Alves de Queiroz. 
A divulgação do resultado desta operação foi apresentada na tarde de ontem,na sede da Polícia Federal em Três Lagoas, por meio dos delegados federais Daniel Coraça Junior eNivaldo Lopes da Silva; o delegado Regional de Combate ao Crime Organizado, Chang Fan e a chefe da Controladoria Geral da União no Estado do Mato Grosso do Sul, Janaina Gonçalves Teodoro de Faria. 
 
Conforme a polícia, as irregularidades foram descobertas depois que a cidade de Água Clara foi à sorteada entre todas as cidades do estado, para passar por um ‘pente fino’ da Controladoria Geral da União. Estes sorteios são realizados pela Caixa Econômica Federal e ocorrem em todo Brasil desde 2003, por edição são 60 municípios sorteados em diversos estados, um deles sempre é do Mato Grosso do Sul. De acordo a chefe da CGU, os sorteios são realizados para garantir que não haja favorecimento ou caracterize perseguições partidárias. “Em cada uma das edições uma cidade do Estado é escolhida, depois disso, passamos para o processo de fiscalização para saber se os programas federais estão sendo de fato tratados da maneira correta”, afirmou Janaina. 
 
ESQUEMA
As investigações geraram provas que, segundo a PF, apontam para uma organização criminosa composta por servidores públicos municipais e empresários, quecombinavam entre eles, a forma em que apresentariam os orçamentos durante as licitações referentes ao transporte escolar. Sendo assim, as investigações concluíram que os processos licitatórios, e até mesmo a montagem dos processos, eram muito parecidos e possuíam até os mesmos erros ortográficos. No final, cada certame era vencido por empresas diferentes e sempre com o valor bem aproximado do valor máximo cobrado. 
 
De acordo com a chefe da CGU no Estado do Mato Grosso do Sul, Janaina Gonçalves Teodoro de Faria, outro fato que reforçou a suspeita de irregularidades, foi o péssimo serviço prestado pelas empresas ganhadoras das licitações. “Durante nossas investigações, descobrimos que muita das empresas que venceram os pregões e prestavam os serviços de transporte escolar na cidade, eram alvo de várias reclamações por conta do atendimento ruim e más condições dos veículos”, destacou Janaina. 
 
Até o momento 30 pessoas foram indiciadas na Polícia Federal pelos crimes de formação de quadrilha e fraude a licitações. As investigações prosseguirão com a análise do material apreendido e interrogatório dos envolvidos. Segundo o delegado federal Nivaldo Lopes da Silva os suspeitos começaram a prestar depoimento hoje. “Nós já agendamos os interrogatórios e vamos ouvir todos, inclusive o ex-prefeito, que era o gestor do município e deve explicar o que de fato aconteceu durante os processos licitatórios”, disse Nivaldo. 
 
NOME
A Operação policial, batizada de BARNUM, é uma alusão ao “circo dos horrores”, empreendimento circense criado no século XIX pelo norte-americano Phineas Taylor Barnum, empresário do showbusiness falecido em abril de 1891 que se tornou mundialmente conhecido como o “príncipe das falcatruas”.