Madeiras apreendidas pela polícia e órgãos ambientais em Três Lagoas estão sendo utilizadas na fabricação de móveis destinados a instituições de caridade da cidade. O trabalho é desenvolvido por reeducandos na marcenaria do presídio masculino local.
A doação das madeiras para a Penitenciária de Três Lagoas foi feita com autorização da Vara de Execuções Penais local, que estabeleceu, em conjunto com o Conselho da Comunidade, um cronograma para a produção dos móveis e quais instituições serão atendidas.
A primeira a ser contemplada foi a unidade “Acolhimento Institucional ‘Poço de Jacó’”, ligada à Secretaria Municipal de Assistência Social, que atende atualmente, em período integral, cerca de 50 crianças e adolescentes. Um armário feito em madeira maciça – de um total de dez que serão destinados à instituição – foi entregue na semana passada.
Os móveis serão utilizados para guardar os pertences das crianças e adolescentes, segundo a coordenadora da “Poço de Jacó”, Marcela Vanessa Ferreira do Nascimento Lima.
“Os novos guarda-roupas substituirão os antigos feitos em MDF e, além de terem mais qualidade, garantirão a individualidade de cada assistido, pois foram projetados com prateleiras e gavetas que possibilitarão que cada criança possa guardar seus pertences de maneira independente, sem misturar com os demais”, ressalta Marcela. “É uma questão até de dignidade para eles”, completa.
Para o diretor-presidente da Agepen, Deusdete Oliveira, o trabalho desenvolvido na Penitenciária de Três Lagoas em prol de instituições de caridade – assim como ocorre em outras unidades prisionais do Estado – é importante no sentido do caráter de retribuição social. “Ajuda a despertar em nossos custodiados a reflexão humanitária sobre suas ações e a estimular a autoestima, já que o trabalho deles está contribuindo para uma questão social”, argumenta.
A marcenaria do estabelecimento penal foi reformulada nos últimos meses, com a aquisição de equipamentos que complementaram os já existentes na oficina, possibilitando a produção de diversos tipos de móveis. Os aparelhos foram adquiridos com recursos do Conselho da Comunidade de Três Lagoas.
Segundo o diretor da unidade penal, Claudiomar Suszek, no local também são realizados serviços de reparos de móveis do próprio presídio e demais estabelecimentos prisionais da cidade.
O diretor destaca que a inciativa, além de estar ocupando os internos positivamente, também é uma forma de capacitá-los profissionalmente. “Aqui em Três Lagoas existe uma carência muito grande de profissionais nessa área, e esse trabalho na marcenaria do presídio poderá ajudá-los a conquistar um emprego digno quando estiverem em liberdade”, ressalta Suszek.
Dez internos atuam na marcenaria da unidade prisional no momento. Pelo trabalho, eles são recompensados com remição de pena: a cada três dias de serviços prestados, um é descontado no total de tempo a ser cumprido na prisão.