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Bloqueio

Quase 700 famílias perdem benefícios do Bolsa Família em Três Lagoas

Famílias tiveram os benefícios bloqueados ou cancelados por não se enquadrarem nos critérios do programa do governo federal

Pagamento do Bolsa Família é destinado somente a famílias com renda per capita de até R$ 170 - Arquivo/jp
Pagamento do Bolsa Família é destinado somente a famílias com renda per capita de até R$ 170 - Arquivo/jp

Desde que assumiu o governo, em agosto, o presidente Michel Temer (PMDB) anunciou que o programa Bolsa Família passaria por aprimoramento e uma fiscalização rigorosa. O resultado do maior “pente fino” já realizado na história do programa foi a identificação de inconsistências em 1,1 milhão dos cerca de 13,9 milhões de benefícios pagos. 

O levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) foi iniciado em junho e concluído nesta semana. 

Em Três Lagoas, 690 famílias tiveram benefícios bloqueados ou cancelados por não se enquadrarem nos critérios do programa. Em todo o Estado, o governo identificou 12,9 mil benefícios pagos irregularmente.

O resultado do levantamento foi a redução no número de famílias atendidas. Em Três Lagoas, por exemplo, em janeiro deste ano, eram 4.339 famílias beneficiadas. Agora, em novembro, são 3.649 – um corte de 690 famílias apenas na cidade.

No entanto, de acordo com a coordenadora do programa do setor de benefícios de Três Lagoas, Isis Maria Pires Rosa de Souza, o número de beneficiários sofre alterações mensalmente. Em março, deste ano foi o mês com maior número de beneficiários na cidade; 4.625. Neste mês, é o que teve o menor número desde janeiro. 

O total em benefícios pagos em Três Lagoas, soma R$ 645,2 mil, em novembro. O maior valor pago foi em julho, R$ 740,5 mil. 

De acordo com o MDSA, a identificação só foi possível porque o ministério passou a contar com seis bases do governo federal para cruzamento de dados: Relação Anual de Informações Sociais (Rais), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Sistema de Controle de Óbitos (Sisobi), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape) e Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).

LEVANTAMENTO

De acordo com a coordenadora do programa em Três Lagoas, além dessa averiguação cadastral realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, o Ministério Público Federal (MPF) encaminhou uma lista com a relação de 385 famílias que estariam recebendo o benefício irregular na cidade. A denúncia era de que nesta relação tinha empresários, pessoas falecidas, entre outras, que estariam recebendo o benefício.

Isis Maria disse que, nesse caso, o levantamento foi feito in loco pelas assistentes sociais.  Das 385 famílias, 117 tiveram os benefícios bloqueados. A coordenadora, no entanto, disse que não foi constatado empresário ou pessoas falecidas recebendo. “Elas tiveram os benefícios bloqueados por não preencherem os critérios do programa”, explicou.

Segundo o ministério, o benefício foi cancelado nos casos em que a renda per capita da família ultrapassou R$ 440. Já o bloqueio foi adotado para os beneficiários que apresentaram renda entre R$ 170 e R$ 440. As famílias que tiveram o repasse bloqueado devem procurar a gestão municipal do Bolsa Família para comprovar que estão dentro das regras do programa e pedir o retorno dos depósitos. Todos os casos, segundo o ministério, serão avaliados. 

FINALIDADE

O Bolsa Família – criado em 2003 no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – é voltado a famílias extremamente pobres (renda per capita mensal de até R$ 85) e pobres (renda individual entre R$ 85,01 e R$ 170). Ao entrarem no programa, as famílias recebem o benefício mensalmente e, como contrapartida, cumprem compromissos nas áreas de saúde e educação. O valor repassado a cada família depende de fatores como o número de membros, a idade de cada um e a renda declarada no Cadastro Único.