Sob o olhar atento dos jurados e convidados, reeducandas representantes das unidades penais femininas de regime fechado do Estado subiram à passarela do concurso “Miss Penitenciária MS”, realizado na tarde de quinta-feira (24), no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, na Capital.
Promovido pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) em conjunto com a Subsecretaria da Mulher e da Promoção da Cidadania, o concurso completou sua 4ª edição, reunindo internas eleitas em seleções locais nas cidades de Bataguassu, Campo Grande, Corumbá, Rio Brilhante, São Gabriel do Oeste e Três Lagoas. Este ano, apesar de estar previsto, a interna de Ponta Porã não pôde participar.
Com passarela e decoração, assinada pelo coreógrafo Valdir Gomes, dignas de um concurso de beleza, o cenário foi complementado pela boa música de Michele e Banda e a animação da plateia, composta por autoridades (entre elas a primeira-dama do estado, Beth Puccinelli), jornalistas, servidores do sistema penitenciário e reeducandas que cumprem pena na Capital.
Este ano, o concurso surpreendeu com desfile de trajes típicos. O look “country” foi o escolhido pelas representantes de Bataguassu, Três Lagoas e São Gabriel do Oeste, numa alusão à força da agroindústria no Estado; já a candidata de Campo Grande se vestiu de gueixa, para homenagear a forte presença da colônia japonesa na Capital; enquanto a reeducanda de Corumbá usou um vestido retratando o “Casario do Porto”, ponto turístico da cidade branca. Os trajes banho (maiô e canga) e vestido de gala complementaram os estilos apresentados na passarela.
Mas muito além de um concurso de beleza, o “Miss Penitenciária MS”, como parte campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher, teve por objetivo assegurar também a integração e socialização das mulheres em situação de prisão, segundo a subsecretária da Mulher e da Promoção da Cidadania, Carla Stephanini.
RESULTADO
Os traços orientais somado à um sorriso aberto e ao andar confiante na passarela garantiram à campo-grandense Kettryllen Oshiro, 19 anos, o primeiro lugar no concurso. Reclusa na unidade prisional desde fevereiro deste ano por tráfico de entorpecentes, ela garantiu que a conquista representa um momento de superação e uma janela para uma no vida longe do mundo do crime. “Estou mais confiante em mim, sei que minha vida vai melhorar”, disse.
Com 54 Kg e 1.60 de altura, a “japa” – como é chamada pelas companheiras de cárcere – afirma que se surgirem oportunidades como modelo agarrará “com unhas e dentes”. Defendendo que a disciplina é a parte mais importe para se ter o sucesso, ela contou que investiu nos cuidados com a pele e cabelo desde que venceu o concurso local no início de outubro.
O segundo lugar ficou com a representante de Três Lagoas, Sidinéia Hipólito Silvério, 23 anos, com seus 1.71 de altura e 57 kg. Mesmo não tendo ganhado o título, ela disse ter ficado muito contente por participar da disputa. “Vim representando minhas colegas, que me incentivaram bastante a participar, é uma alegria”, comentou.
A angolana Vissclela de Almeida Carlos Branco, 29 anos, esbanjou elegância na passarela e conquistou a terceira colocação para Corumbá. “Nunca me imaginei desfilando, mas é uma experiência que eu nunca vou esquecer, estou muito feliz”, disse.