Nesta quarta-feira (18), em Campo Grande, apenas trabalhadores dos serviços públicos de saúde e de segurança tiveram acesso ao transporte coletivo, por causa do dia de paralisação dos motoristas de ônibus da Capital. Linhas especiais circularam por pontos estratégicos para atender a esse público.
Somente na Santa Casa de Campo Grande são 1.050 funcionários, na maioria da linha de frente (enfermeiros e técnicos), que dependem de ônibus urbano para trabalhar. Por lei, serviços essenciais, como o do transporte coletivo, não podem paralisar cem por cento o atendimento em caso de greve, devendo garantir a manutenção mínima dos serviços para não colocar em risco a vida da população.
O Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTCU/CG) negocia um reajuste salarial de 16% para a categoria e decidiu paralisar os serviços, por um dia, como forma de pressionar o Consórcio Guaicurus, que reúne as empresas que prestam o serviço na Capital. a fechar um acordo.
Por dia, mais de100 mil pessoas usam o transporte público na capital sul-mato-grossense. Nas ruas da cidade, desde cedo, havia procura pelo serviço nos pontos de ônibus. Muita gente faltou ao trabalho porque não teve condições de transporte. Outros passageiros conseguiram carona ou mesmo pagar por um motorista de aplicativo. E a procura por esse transporte alternativo foi tamanha que os valores das corridas também aumentaram desde as primeiras horas do dia.
A diarista Eva Lúcia dos Santos estava atrasada em mais de hora para o trabalho. "Muito difícil, né, porque não consegui carona. A minha patroa vai pagar um Uber pra mim porque não tenho como pagar", desabafou.
A produção da rádio CBN Campo Grande procurou o Consórcio Guaicurus mas não recebeu retorno sobre o andamento das negociações com o sindicato.
O serviço de transporte público da capital será retomado amanhã, normalmente, e os trabalhadores do setor foram convocados para uma Assembleia Geral no próximo sábado, dia 21, para definir se entram ou não em greve.
Nota da Prefeitura de Campo Grande
A prefeitura entende que as reivindicações dos motoristas de ônibus são legítimas, no entanto o reajuste de salários é uma questão a ser negociada pelo consórcio de transporte público, não estando este na alçada do município.
O reajuste da tarifa está sendo cautelosamente estudado, e o poder executivo tem feito todo o possível para continuar subsidiando as gratuidades para estudantes, idosos, pessoas com necessidades especiais e seus acompanhantes.
Em 2022, fruto do bom relacionamento da gestão municipal e Governo do Estado, também foi firmado um convênio no qual o Estado passou a contribuir com esses subsídios.
Adicionalmente, em dezembro, o governo federal por intermédio da prefeitura, repassou verbas federais para o consórcio custear as gratuidades para idosos entre janeiro e outubro de 2022, com valores a repassar mensalmente para cobrir as gratuidades à medida que elas ocorrerem.
Também com a clareza de que é preciso manter o equilíbrio e não aumentar de forma acentuada o valor da tarifa, foi aprovado na Câmara Municipal a isenção de ISS para o consórcio.
As tratativas em relação ao reajuste da tarifa de ônibus para 2023 estão em andamento, o próximo passo será a discussão no dia 24/01 com o Conselho de Regulação que é formado por membros da sociedade civil e órgãos da administração pública, com quórum mínimo de 10 de membros, para discussão e análise de dados para revelar a tarifa que será entregue em relatório para avaliação do poder executivo.
O conselho é formado por membros do CREA, OAB, SEMADUR, PLANURB, Conselho das Regiões Urbanas, AVICG, ASCCON, UMAM, CAU, Águas Guariroba, CTRCG, Solurb e Consórcio Guaicurus.