Atento e atuante junto às indústrias e aos industriários com cursos, palestras e ginástica laboral, o Sesi estuda implantar no Estado, a partir do próximo ano, um projeto de educação junto aos trabalhadores da construção civil nos moldes de programa semelhante ao desenvolvido com sucesso pelo Sesi do Ceará. De acordo com o gerente técnico do Sesi, Arnaldo Leite, a intenção é, em parceria com o Sinduscon/MS (Sindicato Intermunicipal das Indústrias da Construção de Mato Grosso do Sul), repassar aos industriários desse segmento industrial conhecimentos básicos de literatura, informática e matemática.
Arnaldo Leite explica que as negociações com o Sinduscon/MS devem começar no próximo mês de novembro, mas que o primeiro passo nesse sentido foi dado com o envio da técnica da Área de Educação do Sesi do Estado, Delzanira Gomes da Silva, para participar de um estágio no Sesi do Ceará no período de 28 de setembro a 2 de outubro. “Na oportunidade, a nossa técnica obteve mais informações da inclusão digital dos trabalhadores da construção civil por meio do PQVC (Programa Qualidade de Vida na Construção) realizado nos canteiros de obras do Ceará em parceira com o Sinduscon daquele Estado”, destacou.
A técnica da Área de Educação do Sesi conheceu as oficinas de leitura e de matemática articuladas com a inclusão digital no âmbito do projeto "Educação na Construção" destinado ao trabalhador da indústria da construção civil. Ele baseia-se no incentivo à leitura e à utilização da matemática em contextos reais de seu cotidiano, visando desenvolver competências e habilidades em leitura e matemática.
Ela teve a oportunidade de visitar as oficinas realizadas nos espaços físicos das construtoras Dias de Sousa, Fibra e Mota Machado onde foram realizadas as aulas. Esse estágio foi integrante do Programa de Estágios Regional promovido pelo Sesi Nacional, que consiste na sistematização de processos de aprendizagem por meio de vivência em diferentes espaços onde são realizadas experiências bem sucedidas pelos departamentos regionais nas áreas de educação, saúde, lazer e responsabilidade Social.
Escolaridade
Delzanira da Silva explica que a educação continuada dos trabalhadores assume um ponto de vista estratégico, sendo necessária a realização de um trabalho sistemático nesse sentido. “O Sesi do Ceará tem uma experiência bem sucedida de inclusão social dos trabalhadores do setor da construção civil e buscamos trazer para o nosso Estado a viabilização desse formato de educação, pois a maior demanda de industriários sem educação básica completa se encontra nesse segmento”, enfatizou.
Levantamento do Radar Industrial da Fiems, com base nos dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego, entre 2000 e 2006, constatou que em 2000 pelo menos 81% dos 10.708 trabalhadores do setor tinham somente até a 8ª série do Ensino Fundamental, enquanto em 2006 esse percentual caiu para apenas 72% dos 17.137 empregados nas 1.160 empresas em atividade no Estado, ou seja, uma queda nove pontos percentuais.
Além disso, ainda conforme o levantamento do Radar Industrial, mais da metade desse contingente de 12.338 trabalhadores da construção civil não chegou a completar a 8ª série. Essa condição causa, naturalmente, um obstáculo ao desenvolvimento da indústria da construção civil em Mato Grosso do Sul, pois os indivíduos com baixa escolarização se tornam menos aptos à absorção pelo setor para a realização de atividades com maior conteúdo técnico para as quais a utilização de novos processos e equipamentos é hoje uma realidade.
Sobretudo no atual ambiente de forte expansão em que os ganhos em produtividade se tornam um imperativo, todavia, o segmento encontra-se aquecido e a existência de condições favoráveis ao seu crescimento, tais como, a desoneração de importantes insumos usados na construção civil, bem como a ampliação da oferta de crédito e maiores facilidades para o financiamento das moradias indicam que o atual desempenho deverá continuar e até aumentar nos próximos anos.