
Nesta quarta-feira (6), é celebrado o Dia da Literatura Sul-Mato-Grossense, data criada há 18 anos por iniciativa da escritora e poetisa Delasnieve Daspet.
Em entrevista à Massa FM, ela lembrou a importância de valorizar os autores regionais e criticou a falta de reconhecimento que a literatura do Estado ainda enfrenta.
“Quando você vai a uma livraria em Campo Grande, os escritores sul-mato-grossenses estão lá no fundo, onde ninguém vê. Isso precisa acabar”, afirmou Delasnieve. “O objetivo da lei foi dar visibilidade ao escritor, mas até hoje a data só foi comemorada oficialmente uma vez. Eu não deixo morrer porque foi um filho que eu gerei”, completou.
A escritora, nascida em Porto Murtinho, é reconhecida internacionalmente, com obras traduzidas em dez idiomas. Já recebeu prêmios de instituições como a Academia Francesa de Artes e Letras e a Biblioteca de Nova York, além de ter sido indicada ao Prêmio Nobel de Literatura de 2024 pela Academia Internacional de Escritores Brasileiros, sediada na Flórida.
Para Delasnieve, o maior desafio ainda é fazer o público ler. “O interesse pela literatura precisa vir de casa. Se os pais não incentivam, dificilmente o filho será um leitor engajado”, observou. Ela também destacou a necessidade de incluir a literatura local nas escolas e nas políticas culturais do Estado.
A poetisa, que também representa o PEN Clube do Brasil na região Centro-Oeste, reforçou a importância da união entre os escritores. “Precisamos nos colocar na linha e buscar o nosso espaço. Mato Grosso do Sul é grande e tem uma produção literária riquíssima. Só falta visibilidade”, disse.
Encerrando a entrevista, Delasnieve leu o poema “Sentimento de perda”, escrito durante a pandemia, e comparou aquele momento ao atual. “Vivemos uma pandemia de sonhos não realizados. É hora de recomeçar com esperança”, concluiu.