
O lugar onde se vive e se trabalha pode pesar — e muito — nas emoções, nas decisões e até nos hábitos do dia a dia. A avaliação é da especialista em neurociência e comportamento Luciana Andrade, criadora do método chamado neuroambiência, que estuda como os estímulos do ambiente impactam diretamente o cérebro humano.
Segundo ela, em um cenário marcado por aceleração digital, ansiedade e excesso de informações, como o vivido atualmente, os espaços físicos ganham papel ainda mais decisivo.
“Os ambientes influenciam muito as nossas emoções. A gente vive um novo tempo, e até que tudo se ajuste, é preciso aprender a usar o espaço a nosso favor”, afirma.
A proposta da neuroambiência é simples: olhar para casas e locais de trabalho não apenas como estruturas funcionais, mas como extensões do bem-estar mental. Cores muito fortes, excesso de objetos e estímulos visuais podem aumentar a ansiedade, enquanto ambientes mais neutros tendem a gerar sensação de acolhimento e equilíbrio.
Dicas para um Ambiente Acolhedor
Entre as orientações defendidas pela especialista estão a redução de excessos, a organização dos espaços e o uso consciente das cores. Paredes claras, iluminação mais quente e tecidos que transmitam conforto ajudam o cérebro a “desacelerar”. “A gente consome muita informação ao longo do dia. Quando chega em casa e encontra um ambiente visualmente poluído, isso potencializa o estresse”, explica.
Luciana também chama atenção para o home office, que se consolidou após a pandemia. Para ela, trabalhar sempre no mesmo local, separado do quarto e de áreas de descanso, ajuda o cérebro a criar rituais e melhora a produtividade. “O cérebro responde a padrões. Trabalhar cada dia em um lugar diferente atrapalha esse processo”, diz.
Atenção com as Crianças
No caso das crianças, a recomendação é ainda mais clara: menos estímulos. Quartos com poucos eletrônicos, brinquedos organizados e cores neutras contribuem para o descanso e a concentração. “É uma forma de cuidado com a saúde mental desde cedo”, afirma.
Para a especialista, repensar os ambientes é um exercício de autocuidado. “Muitas vezes a gente constrói e organiza a casa para agradar os outros. Mas o espaço precisa, antes de tudo, fazer sentido para quem vive ali”, resume.