O Dia do Orgulho Autista, celebrado nesta quarta-feira (18), foi marcado por relatos de transformação e pertencimento no Bioparque Pantanal, em Campo Grande (MS). Mais do que abrigar a maior biodiversidade aquática de água doce do mundo, o espaço se consolida como modelo de acessibilidade e inclusão no ambiente de trabalho.
A história de Luís Felipe Cuevas Andrade, estudante de Biologia na UFMS e bolsista do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), é um dos exemplos de como a inclusão pode ser efetiva.
Diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), ele atua no desenvolvimento de uma cartilha em quadrinhos sobre fósseis de Mato Grosso do Sul, unindo ciência, linguagem acessível e inclusão. “Minhas dificuldades não são obstáculos, são características que me ajudam a evoluir”, afirma.
Outro destaque é Héctor Ishikawa, também autista, que trabalha no setor de manejo ao lado de médicos-veterinários. Segundo Edson Pontes, veterinário do Bioparque, “ele tem um talento nato para o trabalho técnico e um senso de responsabilidade admirável”.
A atuação inclusiva também se estende à engenheira eletricista Carolina Ferro, autista e com superdotação, que participou da etapa de obras do Bioparque e hoje desenvolve pesquisas em automação e Inteligência Artificial. “Atualmente atuo em pesquisa para desenvolver novas tecnologias”, disse Carolina.
Para além das contratações, o Bioparque tem avançado na oferta de acessibilidade física, sensorial e comunicacional. A sala de acomodação sensorial tem acolhido visitantes autistas, como Ana Beatriz, de nível 2. “Ela se sentiu segura e respeitada”, relatou a mãe, Rafaela Molina.
De acordo com a coordenadora de acessibilidade, Beatriz Marques Lunardi, a inclusão só é efetiva quando envolve preparo e sensibilidade das equipes. “Não basta ter rampas e elevadores. É preciso acolher cada pessoa como única”, pontua.
As ações integram o programa “Bioparque Para Todos – Iguais na Diferença”, idealizado pela diretora-geral Maria Fernanda Balestieri. Para ela, o objetivo é garantir o direito ao lazer, ao conhecimento e à participação plena de todas as pessoas.
“A verdadeira inclusão vai além de abrir portas: é criar condições reais para que cada pessoa possa florescer com dignidade,” conclui Maria Fernanda.