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Com IA avançando, empresas de MS veem capital humano como fator decisivo para crescer em 2026

Plaenge e Anita Shoes apontam liderança, diversidade e dados estruturados como bases para usar inteligência artificial e acelerar resultados

Alexandro Azambuja, Valéria Gabas e Lucas Faia durante o painel - Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67
Alexandro Azambuja, Valéria Gabas e Lucas Faia durante o painel - Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67

A inteligência artificial avança, os mercados mudam e a pressão por competitividade aumenta — mas, para empresas de Mato Grosso do Sul, o que realmente define 2026 são as pessoas.

Essa foi a tônica do painel que reuniu Valéria Gabas (Plaenge), Alexandro Azambuja (Grupo Anita Shoes) e Lucas Faia (Humanizadas) no MS Avança 2025, a 7ª edição do RCN em Ação 2025, parceria entre o Grupo RCN e a Amcham-MS.

O debate colocou luz sobre o principal consenso entre líderes empresariais do Estado: nenhuma estratégia de tecnologia, dados ou automação funciona sem liderança preparada, diversidade interna e times capazes de interpretar um cenário que muda em velocidade recorde.

Liderança deixa de ser treinamento e vira estratégia central

O painel partiu de um ponto comum para todos os setores representados: desenvolver lideranças é a maior barreira de 2025 e a principal prioridade de 2026.

Valéria Gabas, da Plaenge, relembrou que o desafio começa antes da gestão — começa na formação técnica.

“Nós somos uma empresa de engenharia e está cada vez mais difícil atrair os jovens. Em Campo Grande, fazemos um trabalho muito forte com escolas para identificar bons alunos e desenvolver internamente, porque o engenheiro leva tempo para ganhar experiência.”

Segundo ela, o grupo mantém programas contínuos para identificar perfis de liderança e formar novos gestores:

“Buscamos alinhar qual é a liderança que queremos dentro do grupo e identificar as pessoas que têm esse perfil. Não basta só a educação da universidade; a gente precisa continuar investindo.”

Alexandro Azambuja e Valéria Gabas no RCN em Ação – Foto: Arthur Ayres/Portal RCN67

No varejo, Azambuja destacou que há uma diferença crítica entre treinamento e desenvolvimento:

“Treinamento é rápido e específico. Desenvolvimento é cultura, consistência, prática diária. Se o script muda, o treinamento não responde.”

Para explicar o papel atual da liderança, ele recorreu a uma analogia:

“A liderança precisa navegar menos naquele barco em que todos remam em linha e mais na canoagem de corredeira, tomando decisão sozinha o tempo todo, porque o ambiente muda o tempo todo.”

IA chega forte, mas só funciona com dados limpos e processos revisados

Ao falar sobre o avanço da inteligência artificial, o painel reforçou um alerta:
quem não estruturou dados e processos vai ter dificuldade para usar IA de forma realista.

Valéria contou que a Plaenge identificou mais de 100 softwares em uso e, a partir disso, iniciou uma reorganização profunda:

“Para usar IA, primeiro precisamos trabalhar nossos dados. Quando eles estão bem tratados, a IA ajuda no desenvolvimento dos projetos e na automação de muitas etapas.”

Ela destacou que parte dos processos internos terá de ser redesenhada:

“Tem processo que funciona com o ser humano, mas não funciona para a IA. Então precisamos rever como fazemos as coisas.”

Na Anita Shoes, a IA entrou de forma natural e já aparece em rotinas financeiras e comerciais:

“A IA está no nosso dia a dia. Antes dela, precisamos ter a arquitetura de dados organizada, porque a IA lê o que está lá — ela não checa se está certo.”

Azambuja lembra que a chegada de novas tecnologias assusta, mas faz parte de um ciclo histórico:

“A tecnologia não tirou o emprego. Estamos vivendo pleno emprego. A IA vem para nos dar tempo e segurança.”

Diversidade amplia resultados e exige respeito para ser real

A discussão avançou para diversidade e inclusão, tema que aparece com índice abaixo da média nacional na pesquisa regional. Para Valéria, a diversidade começa pela mistura geracional.

“Na engenharia, precisamos de profissionais experientes, mas também do jovem que traz tecnologia e usa isso sem medo. Misturar essas gerações é fundamental.”

A Plaenge tem escritórios com 60% da equipe formada por mulheres e presença feminina crescente nos canteiros de obra.

“Numa entrega recente, contamos sete mulheres na mesma obra — coordenadora, engenheira, supervisora. Elas estão em todas as áreas, e isso faz diferença.”

Azambuja reforça que, na moda, a diversidade se manifesta de forma ainda mais ampla:

“Hoje, 72% dos nossos colaboradores são mulheres e elas ocupam as principais cadeiras de liderança. A diversidade é natural no nosso negócio.”

Ele ressalta que a base de tudo é o respeito:

“As pessoas precisam se sentir à vontade para ser quem são. Se for só discurso, como usar IA porque é tendência, a diversidade não acontece.”

Prioridade para 2026: pessoas no centro e tecnologia como aliada

Ao final, Lucas Faia desafiou os painelistas a apontar prioridades prontas para execução. Azambuja respondeu sem titubear:

“Competência humana. Onde eu estiver liderando, pessoas serão a prioridade número um.”

Valéria resume a estratégia da Plaenge:

“Líderes formando líderes. Não vamos crescer sem pessoas preparadas. Vamos priorizar onde aplicar IA, porque não dá para fazer tudo ao mesmo tempo.”

Faia encerrou lembrando que 2026 combina eleições, nove feriados em dias úteis e alta complexidade, exigindo foco desde o primeiro trimestre.

“Pessoas sempre estiveram no centro. O desafio agora é como trazer todas as novidades para que elas possam desenvolver o seu trabalho.”