A última palestra do AMCHAM CEO Forum – Edição Mato Grosso do Sul, evento que faz parte da 7ª edição do RCN em Ação, foi marcada por emoção, silêncio e reflexão. O consultor global da Conversant, Ryo Penna, encerrou o evento propondo um novo modelo de liderança, no qual as conversas com propósito são o principal diferencial competitivo de uma organização.
“Conversar não é desviar do trabalho. Conversar é o trabalho da liderança”, afirmou.
A liderança está esgotada — e o time também
Logo no início, Penna expôs uma realidade que muitos no auditório reconheceram: a sobrecarga emocional está drenando a performance nas empresas. Segundo ele, temos mais informação e tecnologia do que nunca, mas somos menos produtivos, menos criativos e menos colaborativos.
“A gente não está precisando de mais velocidade. A gente está precisando de mais alinhamento”, disse.
Ele mostrou que o Brasil registrou um salto expressivo nos afastamentos por transtornos mentais entre 2020 e 2024 — um aumento de mais de 500%, com impacto estimado de R$ 400 bilhões por ano em perda de produtividade.
Desempenho depende de conexão emocional
Penna apontou que a falta de conexão emocional entre líderes e liderados gera resistência, que por sua vez cria ruído, atraso e desperdício. Segundo ele, o custo da má comunicação está nas reuniões improdutivas, nas decisões mal executadas e nas equipes desmotivadas.
“Se aquilo que importa para mim não importa para quem me lidera, eu resisto. E a resistência vira prejuízo.”
Três tipos de conversa e uma pergunta essencial
A proposta apresentada por Penna é baseada em uma metodologia desenvolvida pela Conversant, empresa fundada por ex-negociadores de sequestros. A ideia é simples: toda conversa pode cumprir três papéis — alinhar, agir ou ajustar.
Mas antes de escolher o que dizer, o líder precisa se fazer uma pergunta:
“Essa pessoa se sente segura para me dizer o que realmente pensa?”
A partir disso, vêm os três princípios fundamentais para conversas de alta performance:
- Reconhecer as preocupações, objetivos e circunstâncias do outro;
- Demonstrar respeito genuíno e não apenas escutar para responder;
- Saber qual momento exige alinhamento, ação ou reajuste.
Menos controle, mais colaboração
Para Ryo, empresas que tentam resolver tudo com controle e processo estão perdendo a oportunidade de usar o maior ativo disponível: a inteligência coletiva dos seus times.
“Colaboração não é todo mundo pensando igual. É todo mundo pensando junto, mesmo quando é diferente.”
Uma pausa para ouvir — e transformar
O encerramento emocionou parte da plateia ao propor um exercício simples: um minuto de silêncio para refletir sobre a escuta. “Pense em alguém que precisa ser ouvido hoje. Pense no que você pode aprender, se escutar de verdade.”
“Se eu escuto só para me defender, perco a chance de aprender. E se não há aprendizado, não há conexão. E sem conexão, não há performance.”