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Conversas com propósito transformam a liderança e destravam resultados, aponta especialista

Ryo Penna encerra evento com reflexão sobre saúde emocional, resistência nas equipes e o papel da escuta nas organizações

Ryo Penna palestrando durante o evento - Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67
Ryo Penna palestrando durante o evento - Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67

A última palestra do AMCHAM CEO Forum – Edição Mato Grosso do Sul, evento que faz parte da 7ª edição do RCN em Ação, foi marcada por emoção, silêncio e reflexão. O consultor global da Conversant, Ryo Penna, encerrou o evento propondo um novo modelo de liderança, no qual as conversas com propósito são o principal diferencial competitivo de uma organização.

“Conversar não é desviar do trabalho. Conversar é o trabalho da liderança”, afirmou.

A liderança está esgotada — e o time também

Logo no início, Penna expôs uma realidade que muitos no auditório reconheceram: a sobrecarga emocional está drenando a performance nas empresas. Segundo ele, temos mais informação e tecnologia do que nunca, mas somos menos produtivos, menos criativos e menos colaborativos.

“A gente não está precisando de mais velocidade. A gente está precisando de mais alinhamento”, disse.

Ele mostrou que o Brasil registrou um salto expressivo nos afastamentos por transtornos mentais entre 2020 e 2024 — um aumento de mais de 500%, com impacto estimado de R$ 400 bilhões por ano em perda de produtividade.

Desempenho depende de conexão emocional

Penna apontou que a falta de conexão emocional entre líderes e liderados gera resistência, que por sua vez cria ruído, atraso e desperdício. Segundo ele, o custo da má comunicação está nas reuniões improdutivas, nas decisões mal executadas e nas equipes desmotivadas.

“Se aquilo que importa para mim não importa para quem me lidera, eu resisto. E a resistência vira prejuízo.”

Três tipos de conversa e uma pergunta essencial

A proposta apresentada por Penna é baseada em uma metodologia desenvolvida pela Conversant, empresa fundada por ex-negociadores de sequestros. A ideia é simples: toda conversa pode cumprir três papéis — alinhar, agir ou ajustar.

Mas antes de escolher o que dizer, o líder precisa se fazer uma pergunta:

“Essa pessoa se sente segura para me dizer o que realmente pensa?”

A partir disso, vêm os três princípios fundamentais para conversas de alta performance:

  1. Reconhecer as preocupações, objetivos e circunstâncias do outro;
  2. Demonstrar respeito genuíno e não apenas escutar para responder;
  3. Saber qual momento exige alinhamento, ação ou reajuste.

Menos controle, mais colaboração

Para Ryo, empresas que tentam resolver tudo com controle e processo estão perdendo a oportunidade de usar o maior ativo disponível: a inteligência coletiva dos seus times.

“Colaboração não é todo mundo pensando igual. É todo mundo pensando junto, mesmo quando é diferente.”

Uma pausa para ouvir — e transformar

O encerramento emocionou parte da plateia ao propor um exercício simples: um minuto de silêncio para refletir sobre a escuta. “Pense em alguém que precisa ser ouvido hoje. Pense no que você pode aprender, se escutar de verdade.”

“Se eu escuto só para me defender, perco a chance de aprender. E se não há aprendizado, não há conexão. E sem conexão, não há performance.”