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ENTREVISTA

Crescimento, liderança e mercado global: como o empresariado de MS se prepara para o futuro

Presidente do LIDE-MS, Aurélio Rocha analisa o avanço econômico do Estado, a disputa por investimentos, sustentabilidade e os desafios da próxima década

Aurélio Rocha nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67
Aurélio Rocha nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67

O crescimento acelerado de Mato Grosso do Sul colocou o Estado no centro do debate econômico nacional. Com alta de 13,4% do PIB em 2023, uma das maiores do país, o desafio agora vai além dos números: transformar expansão econômica em desenvolvimento sustentável, com empresas mais preparadas, líderes qualificados e inserção competitiva no mercado global.

Aurélio Rocha nos estúdios da Massa FM Campo Grande – Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67

Essa avaliação foi apresentada pelo presidente do LIDE Mato Grosso do Sul, Aurélio Rocha, em entrevista à Massa FM Campo Grande, na qual analisou o momento vivido pelo Estado, o papel do empresariado e as estratégias para aproveitar o ciclo de investimentos que se intensificou nos últimos anos.

Estado em expansão e mudança do perfil produtivo

Segundo Aurélio, Mato Grosso do Sul vive um momento singular, impulsionado por investimentos privados que ultrapassam R$ 130 bilhões, com destaque para a indústria da celulose, a diversificação agrícola e a expansão da bioenergia.

“Mato Grosso do Sul não é um tigre asiático, é uma onça brasileira. É hoje um dos estados que mais cresce no país e o que mais recebe investimento privado”, afirmou.

Além da celulose, o presidente do LIDE citou a chegada de novas culturas, como laranja e amendoim, e a consolidação de um modelo produtivo mais integrado, com forte presença da indústria de transformação.

“O Estado deixou de ser apenas celeiro para se tornar supermercado. Aqui, o produto sai pronto para a gôndola”, disse.

Liderança empresarial e preparação para oportunidades

Para Aurélio Rocha, o crescimento econômico cria oportunidades, mas também exige preparo. Ele avalia que o empresariado precisa ampliar sua visão estratégica e se adaptar a um ambiente cada vez mais competitivo e internacionalizado.

“O cavalo está passando arreado. O papel do LIDE é ajudar o empresário a montar esse cavalo.”

O LIDE, segundo ele, atua como uma plataforma de conexão empresarial, promoção do Estado e atração de investimentos, por meio de fóruns, missões internacionais, encontros técnicos e debates estratégicos.

Agro, inovação e eventos estratégicos

Entre as iniciativas recentes, Aurélio destacou o Fórum Agro RCN realizado durante a Expogrande, que reuniu lideranças políticas, empresariais e representantes de diferentes cadeias produtivas em um momento de incertezas no cenário internacional.

O objetivo, segundo ele, foi apresentar Mato Grosso do Sul como um Estado multiproteína e mostrar a força das novas cadeias produtivas, da pesquisa ao produto final.

“O agronegócio é tudo aquilo que nasce na prancheta do cientista e vai até a gôndola do supermercado.”

Sustentabilidade como condição para competir

Outro eixo central da entrevista foi a sustentabilidade. Aurélio avaliou que práticas ambientais deixaram de ser discurso e passaram a ser exigência do mercado global.

“Um produto feito em Mato Grosso do Sul precisa ter qualidade, sustentabilidade e rastreabilidade. É isso que o consumidor está olhando.”

Ele citou o Fórum LIDE Cop 30, realizado em Bonito, como um marco na discussão empresarial sobre meio ambiente, reunindo mais de 150 empresários de diferentes regiões do Brasil e do exterior.

“A discussão política ficou em Belém. A discussão empresarial da sustentabilidade ficou em Bonito.”

Aurélio também destacou a meta do Estado de se tornar carbono neutro até 2030, além dos investimentos em etanol de milho, biometano e outras fontes de bioenergia.

Inserção internacional e novos mercados

Como diretor de Relações Internacionais do sistema FIEMS, Aurélio participou de missões empresariais à Índia, Japão e Singapura, escolhidas com base em critérios econômicos e estratégicos. “Não são missões de turismo. São missões com lógica comercial.”

Ele explicou que a Índia foi escolhida pelo tamanho do mercado consumidor; o Japão, pela Expo Mundial e por investimentos já existentes no Estado; e Singapura, por ser porta de entrada para a região da ASEAN, com mais de 700 milhões de habitantes.

“Não podemos depender apenas de mercados tradicionais. Diversificar destinos é uma questão de sobrevivência.”

Governança, sucessão e nova geração

Aurélio também abordou os desafios internos das empresas, especialmente a sucessão familiar e a adoção de práticas modernas de governança corporativa.

“Existe resistência, principalmente geracional. Mas o Estado está entrando agora na segunda e terceira geração empresarial.”

Ele defendeu a separação clara entre papel de acionista e executivo, além da preparação dos jovens para assumir funções estratégicas, seja dentro ou fora dos negócios da família.

Ao analisar o cenário político, Aurélio avaliou que 2026 tende a ser um ano de forte polarização, o que exige equilíbrio e diálogo. “Eu sou um centro radical. Acho que os dois lados têm o que acrescentar.”

Segundo ele, o LIDE busca se consolidar como um espaço neutro, onde diferentes visões possam debater o futuro do Estado e do país. “O LIDE é o campo neutro do debate.”

Otimismo com realismo

Ao final da entrevista, Aurélio deixou uma mensagem de otimismo cauteloso, defendendo o que chamou de “realismo esperançoso”.

“O pessimista é um chato, o otimista é um tolo. O bom mesmo é ser um realista esperançoso.”

Para ele, apesar das incertezas, Mato Grosso do Sul reúne condições únicas para seguir crescendo, desde que consiga alinhar desenvolvimento econômico, sustentabilidade, governança e diálogo. “Eu escolhi morar aqui porque essa é uma terra de oportunidades.”

Confira a entrevista na íntegra: