
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) abriu um procedimento administrativo para acompanhar de perto a situação financeira do Hospital de Câncer Alfredo Abrão, em Campo Grande. A medida mira um problema que se arrasta há meses: falta de dinheiro para bancar atendimentos em um hospital que concentra a maior parte dos tratamentos oncológicos do Estado.
Documentos analisados pela Promotoria apontam um rombo mensal próximo de R$ 780 mil, valor reconhecido pela própria prefeitura. A conta cresce ainda mais com a produção excedente que deixou de ser paga desde novembro de 2024, além de atrasos em procedimentos já realizados, redução temporária do teto de repasses federais e entraves na liberação de emendas parlamentares.
Na prática, faltam recursos para custear cirurgias, sessões de quimioterapia e radioterapia, exames de imagem e até a manutenção de leitos clínicos. Como o hospital atende cerca de 70% dos pacientes com câncer em Mato Grosso do Sul, qualquer interrupção no fluxo de atendimento acende o alerta para risco de desassistência em larga escala.
Em resposta ao MP, a Secretaria de Estado de Saúde informou repasses mensais que somam cerca de R$ 1,7 milhão, destinados a custeio e projetos específicos. Já a Secretaria Municipal de Saúde reconheceu o excesso de produção e afirmou que o pedido de aumento do teto de financiamento está parado no Ministério da Saúde desde 2023, à espera de espaço no orçamento federal. O ministério confirmou que a solicitação segue em análise e que houve apenas um repasse pontual de cerca de R$ 3 milhões.
Diante do impasse, o MP notificou oficialmente União, Estado, Município e a direção do hospital. Cobrou informações sobre possíveis repactuações de contrato, recomposição financeira, pagamento da produção excedente, valores recebidos ao longo de 2025 e medidas concretas para garantir que os tratamentos não sejam interrompidos.
MPMS Atua para Evitar Colapso no Hospital de Câncer
A Promotoria afirma que a atuação é preventiva e busca pressionar os entes públicos a encontrar uma saída conjunta antes que a crise vire colapso. O foco é garantir estabilidade financeira ao hospital e evitar que pacientes tenham tratamentos suspensos — algo considerado inadmissível em casos oncológicos.
O procedimento seguirá em andamento, com monitoramento de prazos, respostas e novos repasses, enquanto o MP tenta costurar uma solução que mantenha o Hospital de Câncer funcionando e preserve o atendimento à população.
O HCAA não respondeu os nossos questionamento até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto.