O Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras em Mato Grosso do Sul (OCB-MS) realizou o 1º encontro estadual do Cooperativismo em Campo Grande nesta sexta-feira (26). O evento contou com a participação de Luís Arthur Nogueira, economista e especialista em cenários políticos e econômicos. Segundo Nogueira, que também é jornalista, mesmo com a polarização política atual, as expectativas de crescimento para 2023 são positivas, o momento exige cautela e paciência para que a economia brasileira volte a crescer com média de 3,5% ao ano até 2024.
“O Brasil teve o auxílio emergencial durante a pandemia. Ministro Paulo Guedes pegou um helicóptero e mandou dinheiro, principalmente aos estados mais carentes e salvou o país de um colapso social. Se não fosse o benefício, teríamos encolhido certamente 8%. Em 2022 o mundo voltou ‘ao normal’ com crescimento de 3,2%, e o Brasil está surpreendendo muitos analistas do mercado financeiro, encerrando o ano com crescimento perto de 3% com 2,8%”, destacou.
Ainda segundo Arthur, as previsões econômicas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global, mostram que o Brasil em 2024, terá a economia com pontos mais altos. “Em 2020, o mundo encolheu 3%, em 2021 registrou crescimento de 6% e neste ano, 3,2%. Em 2024 o cenário muda. No governo Lula, o mundo não vai ajudar tanto o governo", indagou.
Conforme o economista, o governo Lula vai receber uma economia menos desburocratizada, como marcos legais, privatizações de estatais e gestão lucrativa. "Conquistamos autonomia do Banco Central, máquina pública mais enxuta, no qual a equipe de Guedes foi atrapalhada pela pandemia e devemos reconhecer a pouca popularidade de ambos os políticos, Lula e Bolsonaro”, disparou.
Nogueira também afirmou que o Brasil precisou de uma pandemia para perceber a dependência na China, inclusive os EPI’s que médicos e demais profissionais da saúde usavam.
“Obviamente que isso não é saudável, quando um país depende de um único mercado. Outro ensinamento que veio com a Guerra da Rússia contra Ucrânia, é o quanto fomos dependentes de fertilizantes que vinham de lá. Felizmente naquela época, tínhamos uma ministra muito competente, Tereza Cristina, que foi ao Canadá garantir fertilizantes e ao mesmo tempo, Bolsonoro que foi correndo conversar com Putin e em nenhum momento faltou fertilizantes”, analisou.
Um dos pontos altos da palestra de Arthur, foi a interação com o público através de enquetes que despertaram o senso crítico. Uma delas questionava os convidados sobre o desempenho dos poderes judiciário, executivo e legislativo. Utilizando um QRcode, os participantes votaram pelo celular e a média da nota dada pela plateia, composta por aproximadamente 115 pessoas, foi de 5,0 para ambos os poderes.
Outro palestrante no evento foi o professor Eduardo Damião da Silva, especialista em estratégia competitiva e corporativa, competitividade, planejamento estratégico, desenvolvimento de cenários, governança corporativa e compliance. Na visão do docente, ainda é cedo para diagnosticar os efeitos da mudança de governo, especialmente no contexto do cooperativismo.
“Estamos aguardando o desenrolar nos próximos dias e semanas para ter uma visão mais clara e precisa de como vai ser o desenvolvimento da economia, especialmente no próximo ano. Ainda há muitas incertezas e a expectativa é que as conquistas que foram realizadas até este momento, sejam preservadas e que o Brasil possa continuar crescendo e valorizando o trabalho sério daqueles que produzem”, explicou.
Celso Régis, presidente da OCB-MS, destacou que o evento foi o marco de um ano positivo, até por conta do período eleitoral nacional e pela economia de Mato Grosso do Sul.
“Mas em especial por tudo o que as cooperativas fizeram para o desenvolvimento das comunidades de nosso estado. Hoje, a participação de mais de 60% dos investimentos privados no mundo das cooperativas, nos dá a certeza da continuidade da contribuição das cooperativas nos próximos anos e o cooperativismo é maior do que qualquer questão política”, finalizou.