
Mato Grosso do Sul aparece entre os estados com maiores restrições urbanas nas favelas e comunidades urbanas, segundo dados do Censo Demográfico 2022. O levantamento aponta dificuldades que vão da circulação de veículos à ausência de pavimentação e iluminação pública, além de obstáculos que comprometem a mobilidade de moradores.
Ruas sem acesso ao tráfego de veículos
O estado registrou 16.278 pessoas vivendo em favelas e comunidades urbanas. Deste total, 5,1% moravam em trechos onde só é possível circular a pé, de moto ou bicicleta, situação que afeta apenas 0,17% da população fora desses territórios. Em locais com essa limitação, ambulâncias e caminhões de coleta de lixo também enfrentam dificuldade.
Campo Grande reúne os trechos mais restritos: a Comunidade Esperança alcançou 79% dos moradores sem acesso a vias para veículos de grande porte, seguida pela comunidade Mandela, com 77%.
Maior índice de ruas sem pavimentação
O estado lidera nacionalmente o percentual de moradores de favelas em vias sem pavimentação. Em 2022, 84,5% das pessoas que viviam nesses territórios moravam em ruas de chão batido. Fora das favelas, a proporção cai para 20,8%.
Entre as maiores concentrações urbanas, Campo Grande apresenta o menor índice de pavimentação nesses territórios, com apenas 12,3% das vias pavimentadas em favelas. Cinco comunidades da Capital e outras duas em Dourados e Aquidauana não tinham pavimentação em nenhum trecho.
Falta de iluminação e acessibilidade
Apenas 51,4% dos moradores das favelas de Mato Grosso do Sul viviam em ruas iluminadas, o menor percentual entre os estados. Fora das favelas, 99,2% da população contava com iluminação.
Na Capital, o percentual de moradores com iluminação pública nas favelas é de 48,0%, o menor entre as Grandes Concentrações Urbanas pesquisadas.
O acesso ao transporte coletivo é mínimo: só 2,7% dos moradores das favelas sul-mato-grossenses viviam em trechos com ponto de ônibus ou van, número que posiciona o estado entre os últimos do ranking. Fora desses territórios, o percentual sobe para 9,5%.
A mobilidade a pé também enfrenta barreiras. Mais de 90% dos moradores das favelas conviviam com calçadas com obstáculos. Apenas 1,4% tinham acesso a passeios adequados. Fora desses territórios, o índice alcançava 29,2%.
A acessibilidade é ainda mais crítica: só 2% viviam em trechos com rampas para cadeirantes. Em Campo Grande, o percentual cai para 0,8%.
Arborização é o único indicador acima da média nacional
A cobertura de árvores representa o único dado positivo. Mato Grosso do Sul aparece com o segundo maior percentual de moradores de favelas vivendo em áreas arborizadas, com 76,9%, atrás apenas do Tocantins.
Mato Grsso do Sul possui o segundo maior percentual de moradores de favelas residindo em áreas arborizadas no país, atrás apenas de Tocantins, que lidera o ranking (80,1%) e o Distrito Federal está em terceiro (69,1%).
Um total de 76,9% dos moradores dessas localidades viviam próximos a áreas arborizadas. Apesar dos bons índices, a arborização nas favelas e comunidades urbanas ainda é menor do que a encontrada em áreas mais estruturadas do estado.