
As compras por impulso aumentam durante dezembro, impulsionadas por promoções agressivas, festas, troca de presentes e pelo pagamento do décimo terceiro. A avaliação é da educadora financeira Sabrina Mestieri Nakao, entrevistada no programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande.
Mato Grosso do Sul vive um cenário que exige atenção: 57,19% da população adulta está inadimplente, índice acima da média nacional.
Sabrina explica que o fim do ano cria um ambiente emocionalmente sensível, no qual as pessoas acreditam ter mais dinheiro do que realmente possuem. Esse comportamento, aliado à pressão social para presentear, favorece gastos sem planejamento.
Gatilhos emocionais e a lógica do “eu mereço”
De acordo com a educadora, as compras por impulso são movidas pelo imediatismo. A pessoa compra sem comparar preços ou refletir sobre consequências. A internet intensifica esse comportamento ao reforçar a sensação de necessidade e pertencimento.
Sabrina destaca um gatilho recorrente: o “eu mereço”. Muitas pessoas usam o cansaço, a tristeza ou a vontade de celebrar como justificativa para consumir. “Se o ‘eu mereço’ te endivida, então você não merece”, afirma.
Para ela, recompensas só fazem sentido quando cabem no orçamento e não geram arrependimento posterior.
Presentes caros nem sempre demonstram afeto
O período natalino amplifica a sensação de que pessoas importantes “merecem” presentes mais caros. Sabrina alerta que, apesar do afeto, o gasto precisa respeitar o limite financeiro de quem compra.
O medo de perder promoções e a pressa típica de dezembro também elevam a impulsividade. “Promoção só é vantagem se o item já estava na sua lista”, reforça.
Cartão de crédito é o maior vilão do endividamento
A compra parcelada, especialmente no cartão de crédito, é o principal fator de inadimplência no Estado. Sabrina lembra que o maior índice de endividados no país está entre pessoas que ganham mais de cinco salários mínimos, justamente por terem maior acesso ao crédito.
Quando o consumidor não consegue pagar a fatura, recorre ao pagamento mínimo e entra no rotativo, que pode ultrapassar 15% de juros ao mês. “É um caminho rápido para a bola de neve”, afirma.
Sinais de perda de controle
Entre os sinais de alerta, Sabrina cita:
- comprar sem lista;
- esconder compras de familiares;
- mentir sobre gastos;
- buscar satisfação imediata;
- adquirir produtos que serão usados uma única vez.
Para ela, a sensação de prazer momentâneo não deve superar o impacto financeiro de longo prazo.
Dicas para evitar dívidas em dezembro
A educadora recomenda três práticas para diminuir riscos:
1. Regra das 24 horas
Se no dia seguinte a compra ainda fizer sentido, ela pode ser necessária.
2. Lista fechada
Ir ao shopping sem lista aumenta drasticamente os gastos impulsivos.
3. Limite de gastos
Definir um teto para o mês e dividir valores entre presentes e despesas pessoais.
Sabrina reforça que o planejamento é a base para começar 2026 com uma saúde financeira mais sólida e sem carregar dívidas do fim de ano.
Confira a entrevista na íntegra: