Veículos de Comunicação

ENTREVISTA

Fim de ano amplia compras por impulso e endividamento, alerta educadora

Pressão social, promoções e gatilhos emocionais elevam risco de dívidas, especialmente no cartão de crédito, afirma Sabrina Mestieri

Sabrina Nakao nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Ana Lorena Franco/Portal RCN67
Sabrina Nakao nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Ana Lorena Franco/Portal RCN67

As compras por impulso aumentam durante dezembro, impulsionadas por promoções agressivas, festas, troca de presentes e pelo pagamento do décimo terceiro. A avaliação é da educadora financeira Sabrina Mestieri Nakao, entrevistada no programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande.

Mato Grosso do Sul vive um cenário que exige atenção: 57,19% da população adulta está inadimplente, índice acima da média nacional.

Sabrina explica que o fim do ano cria um ambiente emocionalmente sensível, no qual as pessoas acreditam ter mais dinheiro do que realmente possuem. Esse comportamento, aliado à pressão social para presentear, favorece gastos sem planejamento.

Gatilhos emocionais e a lógica do “eu mereço”

De acordo com a educadora, as compras por impulso são movidas pelo imediatismo. A pessoa compra sem comparar preços ou refletir sobre consequências. A internet intensifica esse comportamento ao reforçar a sensação de necessidade e pertencimento.

Sabrina destaca um gatilho recorrente: o “eu mereço”. Muitas pessoas usam o cansaço, a tristeza ou a vontade de celebrar como justificativa para consumir. “Se o ‘eu mereço’ te endivida, então você não merece”, afirma.

Para ela, recompensas só fazem sentido quando cabem no orçamento e não geram arrependimento posterior.

Presentes caros nem sempre demonstram afeto

O período natalino amplifica a sensação de que pessoas importantes “merecem” presentes mais caros. Sabrina alerta que, apesar do afeto, o gasto precisa respeitar o limite financeiro de quem compra.

O medo de perder promoções e a pressa típica de dezembro também elevam a impulsividade. “Promoção só é vantagem se o item já estava na sua lista”, reforça.

Cartão de crédito é o maior vilão do endividamento

A compra parcelada, especialmente no cartão de crédito, é o principal fator de inadimplência no Estado. Sabrina lembra que o maior índice de endividados no país está entre pessoas que ganham mais de cinco salários mínimos, justamente por terem maior acesso ao crédito.

Quando o consumidor não consegue pagar a fatura, recorre ao pagamento mínimo e entra no rotativo, que pode ultrapassar 15% de juros ao mês. “É um caminho rápido para a bola de neve”, afirma.

Sinais de perda de controle

Entre os sinais de alerta, Sabrina cita:

  • comprar sem lista;
  • esconder compras de familiares;
  • mentir sobre gastos;
  • buscar satisfação imediata;
  • adquirir produtos que serão usados uma única vez.

Para ela, a sensação de prazer momentâneo não deve superar o impacto financeiro de longo prazo.

Dicas para evitar dívidas em dezembro

A educadora recomenda três práticas para diminuir riscos:

1. Regra das 24 horas
Se no dia seguinte a compra ainda fizer sentido, ela pode ser necessária.

2. Lista fechada
Ir ao shopping sem lista aumenta drasticamente os gastos impulsivos.

3. Limite de gastos
Definir um teto para o mês e dividir valores entre presentes e despesas pessoais.

Sabrina reforça que o planejamento é a base para começar 2026 com uma saúde financeira mais sólida e sem carregar dívidas do fim de ano.

Confira a entrevista na íntegra: