Mais de 700 caminhões ficaram represados na região de Corumbá em Puerto Quijarro, na fronteira do Brasil com a Bolívia, por conta do protesto que começou na segunda-feira (08) pela madrugada. Sem o trânsito de cargas o comércio exterior na região ficou paralisado.
Corumbá, onde está situado o maior porto seco do centro-oeste, tem uma média diária de circulação de mercadorias na região de US$ 4 milhões, cerca de R$ 20.196.400,00. As cargas que transitam na fronteira envolvem ureia, maquinário agrícola, combustível diesel, entre outros produtos.
O Sindicato das Empresas de Transporte e Logística do Pantanal (Setlog Pantanal) apontou que em torno de 300 caminhões ficaram parados do lado brasileiro, enquanto na Bolívia a fila chegou a 400 veículos. O trânsito de carretas no Porto Seco da Agesa e no Posto Esdras, da Receita Federal, deve só voltar à normalidade nos próximos dias.
Além das cargas que ficaram paradas, mais de 200 carros também permaneceram estacionados próximo ao Posto Esdras, da Receita Federal, aguardando liberação para chegar na Bolívia. Grande parte eram veículos de passeio de moradores de Puerto Quijarro e Puerto Suarez, que não conseguiram chegar com os veículos no país vizinho.
Somente ambulâncias estavam autorizadas a cruzar manifestação de 48 horas feita na fronteira. O protesto foi organizado pelo Comitê Interinstitucional de Santa Cruz, com repercussão no Comitê Cívico que atua em Puerto Quijarro. O paro cívico alcançou outras regiões da Bolívia e conseguiu paralisar setores econômicos de Santa Cruz de la Sierra.
Os organizadores cobram do governo federal boliviano a realização do censo no país vizinho em 2023, após o procedimento, que estava previsto para ser iniciado em novembro deste ano, ser adiado para 2024.
Dados do censo influenciam nos índices que municípios recebem de repasse de verbas. Além disso, há uma disputa política que envolve duas forças: de um lado, o governador da província de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho e do outro, o presidente boliviano Luis Arce. Os políticos são de partidos diferentes e protagonistas de uma ampla polarização política.
A organização do bloqueio informou que aguarda posicionamento do governo federal sobre a realização do censo e pontuou que outros bloqueios podem acontecer. No final de julho, já houve paralisação de 24 horas.