Veículos de Comunicação

AGRO

Alta nos custos de produção pressiona safra de cana e desafia sustentabilidade do setor

Inflação dos insumos, queda na produtividade e excesso de oferta global expõem fragilidades da cadeia sucroenergética brasileira

Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar no mundo - Foto: Reprodução/ Agência Brasil
Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar no mundo - Foto: Reprodução/ Agência Brasil

A safra 2025/26 de cana-de-açúcar começa sob forte pressão. Após um ciclo anterior marcado por estiagem severa e queimadas, produtores agora enfrentam uma nova ameaça: o aumento expressivo nos custos de produção. A combinação entre produtividade menor e despesas maiores compromete a rentabilidade e desafia a viabilidade econômica das unidades produtoras.

Segundo especialistas do setor, a expectativa é de queda de até 12% na produção, o que eleva o custo por tonelada de cana colhida. O cenário se agrava com a disparada dos fertilizantes no mercado internacional. A inflação desses insumos pode atingir até 30% até o fim do ano, em comparação com 2024.

Além dos custos internos, os produtores também enfrentam um ambiente externo desafiador. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima uma safra global recorde de açúcar: 189 milhões de toneladas, das quais 45 milhões devem vir do Brasil, segundo a Conab – o maior volume já registrado. Porém, a demanda mundial deve girar em torno de 177 milhões, o que deve resultar em estoques finais de 41 milhões de toneladas.

Esse excesso de oferta, somado às incertezas econômicas globais, pressiona os preços internacionais, que seguem estáveis em torno de 16 cents de dólar por libra-peso. Mesmo assim, as usinas devem manter o foco na produção de açúcar, com o mix açucareiro fixado em cerca de 51%.

O setor vive um momento de alerta. A combinação entre custos crescentes, preços pressionados e desafios logísticos exige eficiência máxima e gestão estratégica para garantir a sobrevivência dos negócios.