A chegada de uma massa de ar polar em Mato Grosso do Sul provocou queda brusca nas temperaturas, com registros próximos de 3°C e sensação térmica abaixo de zero em várias regiões, principalmente no sul do estado. O frio impactou diretamente lavouras e criações, exigindo atenção do setor agropecuário para reduzir os prejuízos.
As geadas já ocorridas em junho afetaram o milho da segunda safra, em fase de enchimento e maturação dos grãos. De acordo com dados do projeto SIGA MS, cerca de 48% das lavouras estão em estágios mais sensíveis ao frio. Destas, aproximadamente 24% estão no estágio R4, quando o grão ainda está em formação. Nessa fase, a ocorrência de geadas pode reduzir o potencial produtivo entre 25% e 40%.
Além do milho, outras culturas também apresentam risco de perdas. O Departamento Técnico da Famasul aponta que feijão, hortaliças e frutíferas tropicais podem sofrer danos como queima de folhas, redução da área fotossintética e queda de flores e frutos.
Pecuária
Na pecuária, os efeitos são imediatos. A geada afeta pastagens tropicais como a braquiária, comprometendo o valor nutricional da forragem. Informações da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) indicam que, em 2024, mais de três mil bovinos morreram por hipotermia em 14 municípios do estado, superando os registros de 2023.
De acordo com o consultor da Famasul, Diego Guidolin, animais mais jovens, fêmeas prenhes e exemplares mais velhos são os mais suscetíveis às baixas temperaturas. Além da perda de peso, o frio pode enfraquecer o sistema imunológico, facilitando o surgimento de doenças respiratórias.
Na suinocultura e na avicultura, o impacto do frio também preocupa. Mesmo com sistemas mais tecnificados, o ambiente precisa de monitoramento constante, principalmente nas propriedades com infraestrutura limitada. A queda na temperatura pode comprometer o desempenho produtivo, interferindo em índices como crescimento, conversão alimentar e produção de carne e ovos. O manejo inadequado em períodos de frio prolongado aumenta o risco de doenças respiratórias.
Como reduzir danos?
Para reduzir os danos, a orientação é reforçar a alimentação dos animais, garantir abrigos nas propriedades e observar sinais de hipotermia. Segundo a Famasul, o manejo adequado contribui para manter a produção e a saúde dos rebanhos mesmo em períodos de instabilidade climática.
Nas lavouras que estão em fase de colheita e dependem apenas da redução da umidade dos grãos, os efeitos das geadas tendem a ser localizados, com impacto maior na qualidade do produto do que na quantidade. Já nas áreas em desenvolvimento, o risco de perdas é mais significativo.