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ENTREVISTA

Funai notifica produtores rurais de Dourados sobre estudo de demarcação

Medida reacende debate sobre insegurança jurídica no campo e avanço de processos fundiários sem ampla comunicação prévia

Desocupação de fazenda pleiteada para a Terra Indígena Apyka’i ocorreu em 2016 - Foto: Arquivo/ Instituto Socioambiental
Desocupação de fazenda pleiteada para a Terra Indígena Apyka’i ocorreu em 2016 - Foto: Arquivo/ Instituto Socioambiental

Nove anos após o início do processo de demarcação da Terra Indígena Apyka’i, em Dourados, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funaiu) notificou 16 proprietários rurais sobre a inclusão de suas áreas no estudo técnico para demarcação. A medida foi publicada no Diário Oficial da União no dia 18 de julho, por meio do Edital de Notificação nº 3/2025.

De acordo com a advogada Luana Ruiz, ouvida no programa Agro é Massa desta sexta-feira (25), os proprietários foram comunicados sobre a realização do levantamento fundiário, etapa que prevê visitas técnicas às fazendas, coleta de pontos de GPS, registro de benfeitorias e entrevistas com trabalhadores. O processo faz parte de um estudo iniciado em 2016, com a criação do grupo técnico por meio da Portaria 560 da FUNAI.

A área em estudo inclui propriedades situadas na região sul do município de Dourados. Segundo a advogada, os produtores não tinham informações claras sobre a localização exata da terra indígena em avaliação.

Luana Ruiz nos estúdios da Massa FM – João Balbueno

“A única coisa que teve publicidade foi a portaria constituindo o grupo técnico. Ninguém sabia onde seria essa terra indígena. Os produtores ficavam apenas com receio, imaginando que poderia ser em cima da sua região”, afirmou.

A notificação, segundo ela, não confirma a demarcação, mas gera incertezas jurídicas e limitações para investimentos.

Luana aponta que, mesmo sem a conclusão do processo demarcatório, as propriedades podem enfrentar dificuldades para acesso a crédito, desmembramento de área e licenciamento ambiental, especialmente após a publicação da Instrução Normativa nº 30/2023, do Ministério dos Povos Indígenas. A normativa prevê restrições mesmo para áreas apenas reivindicadas.

O processo segue em andamento. As propriedades notificadas estão, por ora, incluídas apenas como parte do objeto de estudo. Ainda não há definição oficial sobre a demarcação ou delimitação final da Terra Indígena Apyka’i.

Confira a entrevista na íntegra: