Aeducação financeira vem sendo discutida desde 2020 na Base Nacional Comum Curricular e deve ser discutida nos colégios da rede pública. Não se trata de uma nova disciplina, mas o assunto precisa ser levado para dentro das salas de aula. Para estimular a abordagem do tema entre os estudantes, o Banco Central desenvolve o programa “Aprender Valor” em seis estados, incluindo Mato Grosso do Sul. A jornalista Danielly Escher conversou com a economista comportamental, Andreia Saragoça, sobre a importância do tema para a vida das crianças.
Porque é importante discutir a educação financeira nas escolas?
Andreia – A educação financeira para crianças é algo maravilhoso. Quando trabalhamos essa questão com uma criança, preparamos para que ela chegue na idade adulta e consiga fazer isso de maneira que tenha qualidade de vida. Em Campo Grande, por exemplo, trabalhei com um projeto de educação financeira onde, inicialmente, começamos com 60 alunos. Terminamos com 23, mas foi uma maravilhosa experiência. Trabalhamos com alunos do primeiro ao terceiro ano para que eles pudessem identificar, primeiro, seus objetivos materiais. A partir daí, construímos um orçamento e eles tinham que fazer suas escolhas financeiras. Isto, para mostrar que não conseguimos tudo na vida, que não conseguimos comprar tudo o que queremos. Então, eles precisavam fazer escolhas para entender isso e ter mais qualidade de vida. E, depois, levavam isso para os pais. Levaram orçamento, a questão de definir objetivos na vida. A experiência era feita e depois eles nos davam o feedback tanto das dificuldades quanto dos êxitos.
E dá para trabalhar educação financeira nas matérias escolares?
Andreia – A educação financeira no programa do Banco Central não é uma matéria. Ela compõe as disciplinas de língua portuguesa, matemática, história e geografia. Assim, são trabalhados temas. Por exemplo, na língua portuguesa temos um livro da Cecília Meirelles que é “Ou isso ou aquilo”. Quando trabalhamos com ele, estamos trabalhando as escolhas. Na língua portuguesa, então, trabalhamos a literatura. No letramento financeiro, vamos trabalhar as escolhas financeiras para que o aluno entenda que ele não pode escolher tudo, se não, ele vai ficar endividado.
Para ensinar aos alunos, os professores passam por uma capacitação na plataforma do Banco Central. Primeiro, aprendem a lidar com as finanças pessoais e, depois, repassam para os estudantes o conteúdo apreendido no curso.
Qualquer escola da rede pública pode aderir ao projeto?
Andreia – Todas as escolas estaduais e municipais podem aderir ao projeto porque há uma parceria com a SED (Secretaria de Estado de Educação) de Mato Grosso do Sul. Os alunos são do Ensino Fundamental II, que vai do 6º ao 9º ano.