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Ribeirinho homenageia com poema socorristas que salvaram mulher no Pantanal

Com barco, viagem para chegar ao acidente durou cinco horas e vítima só piorou durante o retorno

Vítima estava com taquicardia, inchaço, febre e formigamento, o que poderia causar problemas graves - Foto: Divulgação Corpo de Bombeiros
Vítima estava com taquicardia, inchaço, febre e formigamento, o que poderia causar problemas graves - Foto: Divulgação Corpo de Bombeiros

“No Pantanal, nunca sabemos o que vai acontecer nos próximos minutos, calmaria e rotina é só na aparência”, escreveu Armando Arruda Lacerda, morador do Porto São Pedro, quando presenciou a ação de socorro a uma mulher de 36 anos que teve crise alérgica na fazenda São Lourenço, distante 5h de barco de Corumbá.

A vítima estava com taquicardia, inchaço, febre e formigamento, o que poderia causar problemas graves. O socorro foi acionado por meio dos Bombeiros, que viajaram 5h de voadeira entre Corumbá e a fazenda. Depois de estabilizada, a mulher e dois filhos foram levados pela equipe para a cidade. Esse socorro começou na manhã de quarta-feira (23) e por volta das 15h, durante a viagem de barco, a paciente sofreu duas convulsões e o quadro de saúde piorou.

Como estavam no meio do rio Paraguai, sem tantos recursos, a equipe de socorro conseguiu localizar um ponto para atracar, quando chegaram no Porto São Pedro. Moradores do local logo correram para ajudar, pegando as duas crianças que estavam no barco e as levando para outro local, enquanto os Bombeiros faziam o atendimento de urgência.

A equipe também decidiu acionar apoio por rádio com o resgate de helicóptero que existe por parte da Marinha do Brasil. Só pelo ar seria possível levar a vítima o mais rápido possível para a Santa Casa de Corumbá.

A situação tensa mudou completamente o cenário de calmaria e silêncio que existe no meio do Pantanal, em áreas remotas. Além disso, mesmo com a rotina quebrada de forma ríspida, o envolvimento dos ribeirinhos em prestar apoio foi total, garantindo que as crianças que estavam com a mãe, em choque, encontrassem um outro refúgio até que aquela situação fosse acalmada.

Depois de a situação controlada, mãe e o casal de filhos dela seguiram para Corumbá para ocorrer o atendimento, enquanto os Bombeiros iriam terminar a viagem pelo rio Paraguai. Antes de partirem, Armando Arruda Lacerda, que deu o relato publicado no início da matéria, entregou à equipe um poema para homenagear os profissionais. Ele não escondeu a emoção quando foi despedir-se do sargento Adilson Bill e do soldado G. Mendes.

“Podemos continuar com as dificuldades das imensas distâncias do Pantanal, mas temos agora  Anjos da Guarda, que de barco ou helicópteros, socorrem, a tempo e hora, todos os que necessitam de ajuda”, relatou o ribeirinho.

Leia o poema completo:

Resgate no Porto São Pedro

Quando tudo indicava uma tarde calma e rotineira, eis que abarranca no Porto São Pedro a voadeira de resgate do Grupamento de Bombeiros de Corumbá. A bordo uma senhora que estava vindo dos confins do Rio São Lourenço em busca de atendimento médico. 

O Sargento BM Adison Bill e o Soldado BM G.Mendes, devido às crises convulsivas que desaconselhavam  o prosseguimento do resgate via fluvial, desceram, estabilizaram a paciente enquanto solicitavam via rádio, resgate aéreo ao Grupamento de Helicópteros da Base Fluvial de Ladário.

Acomodada em uma rede, rodeada por seus filhos, provavelmente se sentiu melhor quando seus filhotes foram paparicados e alimentados pelos vovôs e vovós moradores do Porto São  Pedro. Em pouco tempo, eis que chega o helicóptero, desce o Doc que examina e  medica a paciente, preparando-a para o vôo.

Como toda mãe pantaneira de dentro da aeronave, com seu olhar  amoroso fez com que o  casalzinho  deixassem o medo de lado e fossem buscar a segurança a seu lado, mesmo que  dentro da barulhenta barriga do desconhecido aparelho, tripulado por seres que pareciam talvez gigantescos gafanhotos.

Emocionei-me ao ver os sofridos pantaneiros serem socorridos, com toda a dignidade e eficiência dos militares da Marinha do Brasil e do Corpo de Bombeiros, quando agradeci o Doc ele resumiu tudo: "- A Marinha do Brasil está aqui para servir os pantaneiros, onde quer que estejam!"

Obrigado heróis militares que amam o que fazem e transmitem esse amor a pessoas que não pedem nada, só limitam-se a nos olhar com uma mirada que atinge  o mais profundo do nosso ser.

Podemos continuar com as dificuldades das imensas distâncias do Pantanal, mas temos agora  Anjos da Guarda, que de barco ou helicópteros, socorrem, a tempo e hora, todos os que necessitam de ajuda.

No Pantanal, nunca sabemos o que vai acontecer nos próximos minutos, calmaria e rotina é só na aparência.

Obrigado Senhora Cristina, pantaneira que veio de longe, por nos permitir o privilégio de poder ajudá-la  ea seus filhos, num momento de precisão!

Armando Arruda Lacerda
Porto São Pedro
23/02/2022