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Impasse

Sem contrato, Santa Casa anuncia suspensão de atendimentos eletivos

Hospital alega crise de desabastecimento e dá 48h, a partir de terça-feira (02), para atender somente urgência e emergência

Hospital alega crise de desabastecimento e dá 48h, a partir de terça-feira (02), para atender somente urgência e emergência - Foto: Arquivo CBN CG
Hospital alega crise de desabastecimento e dá 48h, a partir de terça-feira (02), para atender somente urgência e emergência - Foto: Arquivo CBN CG

O impasse entre a Santa Casa de Campo Grande e a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) continua. Nesta terça-feira (02) a Instituição publicou uma portaria alertando a população que em 48 horas os serviços não considerados como urgência e emergência serão suspensos.

A atitude se dá pela não renovação do contrato do Sistema Único de Saúde (SUS) com a prefeitura da capital, por meio da Sesau, o que inviabiliza a operação integral do hospital.

Segundo o presidente da Santa Casa, Heitor Rodrigues Freire, impasse permanece pela insistência do município em oferecer a mesma proposta de 2019, sem os devidos reajustes para corrigir o desequilíbrio entre gasto e receita.

“Essa proposta nós não vamos aceitar, porque ela é totalmente onerosa para nós. Do valor que nós recebemos, que é o mesmo de 2019, de R$ 23,8 milhões, são debitados todo mês por volta de R$ 5 milhões, que é o pagamento dos custos da rede bancaria, dos empréstimos que nós visemos para financiar a saúde em Campo Grande. E essa situação chegou a um ponto que não dá mais para continuar”, explicou.

Trecho da Portaria nº7 publicada pela Santa Casa

A última tentativa de acordo foi na semana passada, mediada pela Promotoria de Justiça da Saúde do Ministério Público Estadual (MPMS) com a presença a Sesau, Santa Casa e da Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Sem sucesso, uma nova reunião, dessa vez entre os chefes do executivo; o governador Reinaldo Azambuja e a prefeita de Campo Grande Adriane Lopes, estava marcada para a manhã de hoje, mas foi cancelada pela gestora municipal. Representantes das secretarias de saúde não gravaram entrevista.

“O que está se manifestando é uma insensibilidade da prefeita com a saúde da população. Nós atendemos quase 70% do nosso atendimento aqui de Campo Grande, então, quem tem que arcar com isso é a prefeitura, é a prefeita. A prefeitura tem a gestão plena da saúde. Então, para que nós possamos continuar prestando serviço é preciso que a nossa remuneração, pelo serviço prestado, seja mais compatível com as nossas despesas”, alegou Heitor Freire.

O presidente destacou ainda que o atual pagamento feito pela prefeitura é insuficiente há muito tempo, causando uma defasagem mensal de R$ 12,9 milhões.

“Porque durante esse período todo nós tivemos financiando a saúde, buscando recurso na rede bancária para suprir as nossas necessidades dessa defasagem entre o valor do custo e do recebimento. Então não dá, nós não temos mais de onde tirar esse valor para continuar cumprindo os nossos compromissos”, pontuou.

Santa Casa aguarda proposta da prefeitura para evitar atendimento somente de urgência e emergência

Em nota enviada a CBN Campo Grande, a Sesau informou que o município tem mantido as tratativas com o hospital e apresentou proposta que está sob avaliação da Santa Casa. Conforme a nota, a oferta seria aumentar em mais R$ 1 milhão o valor atual repassado a instituição.

Ainda segundo a proposta feita pela secretaria, é exigida uma contrapartida do estado para um reequilíbrio no contrato.

Para a população, os impactos da suspensão de atendimentos pela Santa Casa são imediatos, com a retirada de cirurgias eletivas e de atendimentos ambulatórias, por exemplo.

“Quanto tempo vai demorar vai depender de quanto tempo a prefeitura vai voltar a conversar conosco, trazendo uma proposta palatável. Uma proposta adequada para atender as nossas despesas. Então tá tudo na mão da prefeita. A Santa Casa não vai fechar as portas, nós vamos ter que reduzir os atendimentos, então, estamos tomando todas as providências necessárias para responder pelo nosso compromisso. A população, na urgência e emergência, não será afetada”, completou o presidente da Santa Casa.

Finalizando a nota enviada a CBN, a Sesau informou que a demanda suspensa pela Santa Casa será distribuída aos demais hospitais contratualizados com a prefeitura.

 

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