O impasse entre a Santa Casa de Campo Grande e a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) continua. Nesta terça-feira (02) a Instituição publicou uma portaria alertando a população que em 48 horas os serviços não considerados como urgência e emergência serão suspensos.
A atitude se dá pela não renovação do contrato do Sistema Único de Saúde (SUS) com a prefeitura da capital, por meio da Sesau, o que inviabiliza a operação integral do hospital.
Segundo o presidente da Santa Casa, Heitor Rodrigues Freire, impasse permanece pela insistência do município em oferecer a mesma proposta de 2019, sem os devidos reajustes para corrigir o desequilíbrio entre gasto e receita.
“Essa proposta nós não vamos aceitar, porque ela é totalmente onerosa para nós. Do valor que nós recebemos, que é o mesmo de 2019, de R$ 23,8 milhões, são debitados todo mês por volta de R$ 5 milhões, que é o pagamento dos custos da rede bancaria, dos empréstimos que nós visemos para financiar a saúde em Campo Grande. E essa situação chegou a um ponto que não dá mais para continuar”, explicou.
A última tentativa de acordo foi na semana passada, mediada pela Promotoria de Justiça da Saúde do Ministério Público Estadual (MPMS) com a presença a Sesau, Santa Casa e da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Sem sucesso, uma nova reunião, dessa vez entre os chefes do executivo; o governador Reinaldo Azambuja e a prefeita de Campo Grande Adriane Lopes, estava marcada para a manhã de hoje, mas foi cancelada pela gestora municipal. Representantes das secretarias de saúde não gravaram entrevista.
“O que está se manifestando é uma insensibilidade da prefeita com a saúde da população. Nós atendemos quase 70% do nosso atendimento aqui de Campo Grande, então, quem tem que arcar com isso é a prefeitura, é a prefeita. A prefeitura tem a gestão plena da saúde. Então, para que nós possamos continuar prestando serviço é preciso que a nossa remuneração, pelo serviço prestado, seja mais compatível com as nossas despesas”, alegou Heitor Freire.
O presidente destacou ainda que o atual pagamento feito pela prefeitura é insuficiente há muito tempo, causando uma defasagem mensal de R$ 12,9 milhões.
“Porque durante esse período todo nós tivemos financiando a saúde, buscando recurso na rede bancária para suprir as nossas necessidades dessa defasagem entre o valor do custo e do recebimento. Então não dá, nós não temos mais de onde tirar esse valor para continuar cumprindo os nossos compromissos”, pontuou.
Em nota enviada a CBN Campo Grande, a Sesau informou que o município tem mantido as tratativas com o hospital e apresentou proposta que está sob avaliação da Santa Casa. Conforme a nota, a oferta seria aumentar em mais R$ 1 milhão o valor atual repassado a instituição.
Ainda segundo a proposta feita pela secretaria, é exigida uma contrapartida do estado para um reequilíbrio no contrato.
Para a população, os impactos da suspensão de atendimentos pela Santa Casa são imediatos, com a retirada de cirurgias eletivas e de atendimentos ambulatórias, por exemplo.
“Quanto tempo vai demorar vai depender de quanto tempo a prefeitura vai voltar a conversar conosco, trazendo uma proposta palatável. Uma proposta adequada para atender as nossas despesas. Então tá tudo na mão da prefeita. A Santa Casa não vai fechar as portas, nós vamos ter que reduzir os atendimentos, então, estamos tomando todas as providências necessárias para responder pelo nosso compromisso. A população, na urgência e emergência, não será afetada”, completou o presidente da Santa Casa.
Finalizando a nota enviada a CBN, a Sesau informou que a demanda suspensa pela Santa Casa será distribuída aos demais hospitais contratualizados com a prefeitura.
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