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ENTREVISTA

Setor produtivo teme tarifa dos EUA e cobra resposta rápida do Brasil

Cotait alerta para perdas no comércio e chama atenção para impactos em pequenas empresas e no emprego

Setor quer que Governo Federal negocie com país norte-americano - Foto: Embaixada dos EUA
Setor quer que Governo Federal negocie com país norte-americano - Foto: Embaixada dos EUA

O anúncio de um tarifaço de até 50% sobre produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos, previsto para entrar em vigor a partir de 1º de agosto, acendeu o alerta em setores da economia nacional.

Para o presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), Alfredo Cotait, a medida pode ter impacto direto sobre exportações, empregos e contas públicas — e exige uma reação mais assertiva por parte do governo brasileiro.

Durante entrevista ao Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, Cotait defendeu que o Brasil inicie imediatamente um diálogo diplomático com os Estados Unidos, antes que os efeitos do tarifaço se consolidem.

Segundo ele, o país demorou para agir, mesmo após os primeiros sinais de aumento tarifário surgirem ainda em abril.

“O governo brasileiro demorou muito para tratar desse assunto. É um parceiro natural, e pouco foi feito para iniciar uma aproximação”, afirmou Cotait.

O líder da CACB explicou que, embora a justificativa norte-americana seja interna e baseada na tentativa de reequilibrar a balança comercial, a medida tem efeitos concretos sobre diversos segmentos da economia brasileira.

Além das grandes empresas que exportam carne, café e suco de laranja — principais alvos da taxação —, Cotait alertou para o impacto em pequenos empreendedores.

Segundo ele, cerca de 2.500 pequenas empresas brasileiras exportam para os Estados Unidos, movimentando cerca de 500 milhões de dólares. Apesar de não representarem um grande volume na balança comercial, esses negócios têm peso importante na geração de empregos. Com a entrada em vigor das novas tarifas, muitas podem não resistir.

Se continuar esse tarifaço, muitas dessas empresas vão deixar de existir. Vai haver perdas de emprego. Portanto, estamos num processo bastante perigoso”, alertou.

Cotait também criticou a postura do governo federal, que, segundo ele, só recentemente mobilizou o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para tentar articular uma negociação por meio do setor empresarial.

Para o presidente da CACB, o canal de diálogo deveria ter sido estabelecido diretamente pela diplomacia brasileira, o quanto antes.

Ainda de acordo com Cotait, se a medida for mantida, o Brasil corre o risco de agravar seu déficit comercial com os EUA, o que pode afetar as contas públicas, gerar pressão inflacionária e até forçar um aumento na taxa de juros — o que, novamente, atingiria as pequenas e médias empresas.

“Precisamos estar preparados para dias mais difíceis. Pequenas empresas que não encontrarem uma alternativa vão ter que fechar. Isso é uma realidade que não pode ser ignorada”, pontuou.

Cotait encerrou a entrevista recomendando que empreendedores em dificuldade busquem apoio nas associações comerciais de seus municípios, reforçando a importância do associativismo no enfrentamento de crises.

Confira a entrevista na íntegra