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FIM DO SERVIÇO!

Solurb suspende coleta de lixo de grandes geradores a partir de 1º de agosto em Campo Grande

Coleta de lixo de grandes geradores será suspensa a partir de 1º de agosto em Campo Grande por decisão judicial.
Coleta de lixo de grandes geradores será suspensa a partir de 1º de agosto em Campo Grande por decisão judicial.

A partir da próxima sexta-feira (1º), cerca de 300 supermercados, restaurantes, bares e outros estabelecimentos classificados como grandes geradores de resíduos em Campo Grande ficarão sem coleta de lixo realizada pela concessionária CG Solurb. Esta medida é resultado de uma decisão judicial decorrente de ação movida pelo Ministério Público Estadual (MPMS), que questiona a legalidade do serviço prestado pela empresa. Tal serviço é fora do contrato público de concessão.

De acordo com o gerente de operações da Solurb, Bruno Velloso, a interrupção não atinge condomínios residenciais, mesmo aqueles que ultrapassam os 50 quilos diários de lixo — limite legal para classificação como grande gerador. A restrição se aplica apenas a empresas que firmaram contratos privados de coleta com a concessionária.

A origem do impasse está em uma ação proposta pelo promotor Humberto Lapa Ferri, da 31ª Promotoria do Patrimônio Público, que investigou a atuação da empresa por vários anos. O MPMS alegou que a prestação de serviços privados pela Solurb violava os princípios da legalidade e da modicidade tarifária. Além disso, os valores obtidos (mais de R$ 9 milhões entre 2019 e 2021) não foram revertidos em benefício da população nem resultaram em redução na tarifa pública.

A Prefeitura de Campo Grande, por meio da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados), argumentou nos autos que os contratos privados operavam de forma isolada, com caminhões e rotas próprias. Isso geraria custos equivalentes à arrecadação. Segundo a agência, em determinados períodos a operação sequer foi lucrativa. Portanto, não prejudicava nem beneficiava o serviço concedido.

Acordo homologado e novo impasse

Em audiência realizada em dezembro de 2024, as partes firmaram um acordo para encerramento progressivo do serviço prestado aos grandes geradores. A homologação ocorreu em julho de 2025, com força de sentença, determinando a rescisão dos contratos em até 180 dias. A primeira etapa incluía notificação aos clientes em 60 dias e rescisão em até 120 dias após isso.

Entretanto, a Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul) recorreu à Justiça na semana passada, alegando que as indústrias não foram ouvidas durante o processo. A federação sustenta que a comunicação feita aos estabelecimentos foi inadequada. Além disso, a suspensão abrupta traria riscos sanitários e ambientais.

No documento protocolado, a Fiems pede o reconhecimento como parte interessada. Ela solicita a prorrogação da coleta por mais 120 dias, tempo considerado necessário. Afinal, será preciso contratar novas empresas especializadas em resíduos.

O juiz responsável pelo caso, Ariovaldo Nantes Corrêa, designou uma nova audiência de conciliação para a próxima terça-feira (30), às 16h. A sessão será híbrida, com possibilidade de participação remota. O objetivo é buscar mediar uma solução que evite o colapso da gestão de lixo no setor privado da capital.

Situação das empresas e impacto sanitário

O cenário preocupa empresários de diferentes segmentos que dependem da coleta diária para manter a regularidade sanitária. Sem tempo hábil para migrar de fornecedor, muitos alertam para o risco de acúmulo de lixo, proliferação de vetores e multas ambientais.

Segundo especialistas ouvidos pela nossa reportagem, grandes geradores são obrigados, por lei, a contratar coleta especializada. Eles não podem depender do sistema público, mas o tempo para adaptação deve ser razoável e planejado.

Uma transição abrupta, como advertiu a Fiems, pode comprometer inclusive o abastecimento de insumos e funcionamento normal de empresas essenciais.