Veículos de Comunicação

CPI DOS ÔNIBUS

Usuários escancaram falhas do transporte coletivo em audiência pública

Sessão híbrida ouviu reclamações de dezenas de usuários no plenário e na praça central de Campo Grande

Testemunhos reforçaram que serviço é caro, superlotado e pouco acessível
Testemunhos reforçaram que serviço é caro, superlotado e pouco acessível - Foto: Izaías Medeiros



A Câmara Municipal de Campo Grande promoveu nesta quarta-feira (25) uma Audiência Pública na terceira fase da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Público, coletando relatos de mais de 40 usuários. Eles foram ouvidos presencialmente no plenário Oliva Enciso e também na Praça Ary Coelho, no Centro da Capital, local de integração de várias linhas do transporte coletivo, onde foi instalado um telão que transmitiu a sessão direto da Câmara Municipal.

As queixas abrangeram superlotação, atrasos recorrentes, linhas desativadas, elevadores quebrados, terminais sujos, insegurança e veículos sucateados, demonstrando situação crítica no serviço urbano.

Entre as principais demandas apresentadas, estão: a instalação de rampas de acesso para cadeirantes nos pontos de ônibus, reforço de veículos nos horários de pico, renovação da frota — com destaque aos articulados parados — e qualificação dos profissionais do sistema, especialmente para atendimento a pessoas com deficiência.

“Os ônibus não têm acessibilidade, são precários, há pouquíssima sinalização para pessoas com deficiência. Os terminais não têm acessibilidade, não têm piso tátil”, reclamou a atleta paralímpica Maria Edivanda.

“É péssima a qualidade dos ônibus. Pagamos caro para andar desconfortável, com ônibus atrasados, e no fim de semana não tem linha expressa”, apontou Marina Anunciação da Silva, moradora das Moreninhas.

“Pego todos os dias a linha 116, sou cuidadora e não consigo chegar no meu trabalho porque o ônibus não passa, ou estraga, ou passa direto por estar lotado“, relatou Maria Silva Lopes, moradora do Jardim Los Angeles.

Além disso, usuários denunciaram a ineficiência do aplicativo do Consórcio Guaicurus, a circulação de “ônibus fantasmas” e a ausência de seguro civil para passageiros.

“Hoje foi um dia histórico. Nunca tivemos a oportunidade de ouvir o usuário. Ficou claro que há responsabilidade tanto do poder público quanto do Consórcio Guaicurus“, declarou o vereador Júnior Coringa (MDB).

As propostas estruturais discutidas incluem um projeto de lei para conferir maior independência à Agência Municipal de Regulação, inspirado no modelo estadual da Agems, com mandato definido para diretores, processo de sabatina e quarentena obrigatória para ex-servidores, além de concurso público para fiscais.

Para reforçar ainda mais a mobilização, parlamentares articularam, com apoio da senadora Soraya Thronicke (Podemos), a captação de recursos federais destinados à aquisição de nova frota climatizada.

Segundo a relatora da CPI, Ana Portela (PL), os mais de 200 mil documentos enviados à comissão serão analisados antes da entrega do relatório final, prevista para 15 de agosto.

Foi marcado para o dia 2 de julho o depoimento do engenheiro mecânico Jurandir Fernando Ribeiro Fernandes, doutor pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), que fará apontamentos técnicos sobre defasagens e melhorias no sistema de transporte coletivo.

“A CPI vai exigir a compra de novos ônibus e cobrar um amplo plano de mobilidade urbana para que o transporte coletivo tenha vantagem no trânsito da cidade”, enfatizou o presidente da Casa de Leis, vereador Epaminondas Neto, o Papy (PSDB).