
Uma das atividades recreativas mais populares antigamente era empinar pipa. E, acredite antes de ser utilizada para o lazer, a pipa nasceu para fins militares.
A pipa foi criada na China antiga há cerca de 3.200 anos com objetivo de sinalização militar. Os movimentos e as cores das pipas funcionavam como mensagens à distância entre os destacamentos militares. Com o tempo, ela começou a ser utilizada como instrumento de recreação.
Campo Grande, assim como muitas cidades brasileiras, conta com muitos adeptos e vários eventos de pipas. O município realiza até um festival, organizado pela Fundação Municipal de Esporte (Funesp), que oferece oficina de confecção de pipas e palestra contra o uso do cerol.
O cerol é uma mistura de cola de sapateiro com vidro moído que é aplicado nas linhas de pipas para cortar outras pipas. Extremamente cortante, o cerol é perigoso para quem empina pipa e para aqueles que cruzam sua trajetória. O arquiteto e administrador, Victor Bojikian, já sofreu acidente por conta da linha de cerol.
“Estava empinando pipa e aí eu acabei tomando um susto com pessoas correndo na rua e tentei puxar rápido a linha, só que esqueci que a linha estava com cerol e cortei a palma da minha mão. Doeu bastante, teve um incomodo muito grande, parece que fica alguma coisa dentro do corte”, disse o arquiteto.
Acidentes com linha de cerol podem ser fatais, explica o Cirurgião Vascular Marcos Rogério Covre, “Esse tipo de lesão do cerol pode ocasionar lesões bem graves, como a lesão dos vasos do pescoço, como a veia jugular e a pior de todas, a artéria carótida. A carótida é a artéria que leva sangue pro cérebro, então se o corte for profundo a pessoa pode morrer por hemorragia ou ter sequelas neurológicas, como se tivesse um derrame cerebral. Vemos muitas motos com antenas na frente exatamente para linha de cerol não pegar o pescoço do motociclista”.
O cerol e a linha chilena, uma linha produzida com pó de quartzo e óxido de alumínio, tornando-a ainda mais cortante, são proibidas em Campo Grande. De acordo com a Lei Complementar n.388 de 2020, estabelecimentos comerciais que venderem as linhas cortantes serão multados em R$ 5.000 e o material será apreendido. Se a pessoa for flagrada soltando pipa com cerol, linha chilena ou outros materiais cortantes, será aplicada a multa de R$ 1.000, e em caso de crianças a multa será aplicada aos pais.
Para garantir a aplicação da lei, a Guarda Civil Metropolitana vem aumentando a fiscalização. Em 2022, foram 137 abordagens reportadas em toda a cidade, em ações contra o uso do cerol. Neste ano, 108 ações foram realizadas até o momento.