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Campo Grande, 30 de abril

‘Após as eleições de 2022, precisamos discutir a reforma política’, diz Tebet

Senadora Simone Tebet fala sobre problemas enfrentados pelo Brasil no

Por Loraine França
25/07/2021 • 07h00
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Avisita da Senadora Simone Tebet (MDB) ao ex-presidente Michel Temer levou o cenário político a se questionar sobre sua candidatura à presidência em 2022. As jornalistas Danielly Escher, Ingrid Rocha e o colunista político da CBN  Campo Grande,  Adilson Trindade, entrevistaram a senadora que não confirmou seu nome para concorrer, mas disse que ainda terá conversas com Temer sobre o assunto. Tebet também fez uma avaliação sobre o cenário político do país e classificou que o Brasil precisa passar por discussões sobre reforma política. Leia a íntegra:

A bancada feminina já conseguiu ocupar espaço no Senado? 
Acho que essa é a história da nossa luta. Se é uma coisa que a CPI serviu foi, primeiro, para mostrar que na política e na vida, no dia a dia da mulher, tudo é sempre mais difícil. Nós precisamos empurrar portas, impor nossa presença. Depois que isso acontece, acredito que sempre conseguimos demonstrar nossa capacidade, vontade de trabalhar e servir. E foi isso que aconteceu na CPI. No primeiro momento houve resistência, mas, depois percebemos que hoje temos, através da nossa união , o respeito de todos os colegas senadores dentro da comissão. 

Nesta semana a senhora se encontrou com o ex-presidente Michel Temer, que defendeu seu nome para concorrer à presidência da República. Qual sua avaliação? Topa esse desafio?
Hoje posso dizer que sou candidata a ajudar o país a sair o mais rápido possível dessa pandemia. Nós estamos há mais de um ano e meio se arrastando nessa pandemia sem fim. É o único país do mundo que está assim. Sou candidata a fazer um bom trabalho na CPI. Tivemos dois momentos muito importantes na CPI e mais decisivos. Conseguimos tirar de um deputado federal bolsonarista o nome do líder do governo como sendo uma pessoa que estaria dentro do Ministério da Saúde no esquema de propina para compra de vacina. Isso tudo foi não só um grande susto, mas uma grande revolta. Afinal, as vacinas que estão faltando no braço da população brasileira vem sendo negociadas. Vacinas muitas vezes desconhecidas, [negociadas] a peso de ouro, e que só seriam comercializadas e compradas pelo Ministério, se dinheiro fosse pago por fora para meia dúzia [de envolvidos]. Esse é um momento de pensarmos em sair da pandemia para depois, imediatamente, recuperarmos os empregos, a renda da população brasileira, para que possamos voltar a, pelo menos, respirar aliviados. Então, minha ida a São Paulo foi para fazer uma visita ao ex-presidente Temer, que foi por muitos anos presidente nacional do partido [MDB] e da República. Houve sim discussão sobre se o MDB deve ou não lançar candidato próprio e se eu aceitaria ser o nome do MDB. Minha resposta foi essa, de que hoje sou candidata a ajudar o Brasil a sair da pandemia e, a princípio, candidata à reeleição no Senado Federal pelo Mato Grosso do Sul. Não sou de fugir da luta mas, disse pra ele que vamos conversar em momento oportuno.

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Qual sua avaliação sobre o semipresidencialismo? Apoiaria essa proposta? 
A ideia me agrada na teoria. Como acontece nas grandes democracias, nas democracias fortes, o semipresidencialismo é pouco utilizado. Ou é presidencialismo ou o parlamentarismo. Mas o semipresidencialismo já existe e pode ser uma alternativa ao parlamentarismo. Eu acho que a população brasileira não aceitaria essa última opção. A única dúvida que tenho é se essa é a saída com esse Congresso Nacional que nós temos. O presidencialismo seria tirar um pouco a força de um presidente da República - óbvio que não é para agora, que seria a partir de 2026 ou 2022. Se for a partir de 2026 acho que seria uma boa alternativa, porque a população iria votar nos parlamentares já sabendo a importância de se escolher um senador e um deputado federal, porque eles terão muito poder. Poder se mexer com o orçamento, de indicar junto com o primeiro ministro toda parte de gestão pública, cabendo ao presidente da República, entre outras coisas, apenas a sanção e o veto. Se nós trazermos o semipresidencialismo para 2022 sem esclarecer para a população qual é o papel do presidente da República, do primeiro ministro, do deputado federal e do senador, pode ser um pouco arriscado. Repito, na teoria eu concordo, acho que é uma alternativa. O presidencialismo não parece que está dando certo no Brasil e o semipresidencialismo poderia ser uma alternativa. 

A senhora acha que o povo quebraria a cultura de mudar o sistema?
Eu digo que temos que combinar com a população. Precisamos ouvir as ruas. Qual é a forma de sistema que ela quer ser governada? Mas, o problema maior não está no presidencialismo ou no parlamentarismo. O problema maior do Brasil está na quantidade absurda de partidos políticos constituídos no Congresso Nacional. Por exemplo, qual país do mundo tem um governo ou democracia em que o parlamento como o Congresso Nacional que tem 30 partidos constituídos? Você não governa. Você tem que ficar dando ministério para um, cargos para outro. Quando precisa colocar uma Emenda Constitucional que exija um quorum qualificado, se você não tem a maioria, ela não passa, por melhor que seja a emenda. O que nós precisamos fazer urgente após as eleições de 2022 é discutir uma grande reforma política para o país. Que país nós queremos? Um país com democracia forte. E só há um jeito de se ter democracia forte, que é com poucos partidos e que tenham posicionamentos claros para a população brasileira. O que o MDB representa? O que o PT representa? O que o PSL representa? As pessoas precisam se enxergar nesses partidos.

A senhora acredita que o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef pode prejudicar a candidatura de outras mulheres à presidência da República?
Não é isso que a evolução e a história têm mostrado. Nós estamos ocupando cada vez mais espaços de poder e é uma coisa interessante que eu tenho acompanhado, inclusive pelas minhas redes sociais. Se hoje eu for analisar e fazer um quadro comparando com quatro anos atrás, hoje recebo muito mais elogios e estímulo de mulheres do que de homens no sentido de apoiar, de me estimular à reeleição para o Senado ou à possível candidatura à Presidência da República. Acho que os brasileiros estão atrás de um perfil de pessoa preparada, honesta, com currículo.

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