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Campo Grande, 20 de abril

"Presidencialismo está roto e esfarrapado", diz Michel Temer

Ex-presidente da República Temer, defendeu mais uma vez o semipresidencialismo

Por Rosana Siqueira
14/09/2021 • 10h00
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Na semana onde foi o protagonista do aceno de paz entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente da República, Michel Temer, defendeu mais uma vez a instalação do semipresidencialismo no país, em entrevista ao Canal do Youtube Projeto Pauta 3.  

Segundo Temer, historicamente o presidencialismo não se consolidou de forma segura no Brasil. Desde a primeira Constituição, de 1891, se expõe a fragilidade desse sistema de Governo no Brasil. “Tenho o convencimento absoluto de que o presidencialismo brasileiro está roto e esfarrapado”. disse. 

Não foi uma ou duas vezes que a sociedade brasileira viu cair por terra o modelo que coloca na figura do Presidente da República todo o poder de gestão e, no Congresso Nacional, apenas o papel de coadjuvante como base de apoio para o avanço dos projetos do Executivo, muitas vezes sob acusação de fisiologismo e práticas condenáveis. 

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Foram 4 períodos em que o País sofreu traumas constitucionais que, consequentemente, paralisaram e retrocederam as ações do Governo.  “Ainda muito jovem, nossa Constituição já acumula diversos pedidos de impeachment e dois efetivados, Fernando Collor (1992) e Dilma Rousseff (2016). Todos os presidentes eleitos amparados pela Constituição de 88 tiveram pedidos de impedimentos ou foram afastados do cargo e quando acontece o impeachment, há um trauma. Que gera instabilidade política, institucional e social”, ponderou.

A proposta, segundo Michel Temer, é tornar na prática aquilo que ele fez quando assumiu o comando do país no lugar de Dilma Rousseff - em 31 de agosto de 2016. 

A coalizão dos Poderes Executivo e Legislativo foi imprescindível para o sucesso dos dois anos à frente da Presidência da República. "Alardeei que exercia o semipresidencialismo e essa foi a fórmula que deu certo e que me permitiu governar com grandes ousadias e resultados como a Reforma Trabalhista, Teto dos Gastos Públicos, Reforma do Ensino Médio e na queda da inflação e dos juros em patamares civilizados, entre outros avanços”.
Mas como seria e como se daria a adoção constitucional deste novo sistema e em quais parâmetros? Michel Temer defende um cenário similar ao que existe em Portugal e França atualmente. 

Neste escopo, a gestão Executiva passa a ser do parlamento, mas sem neutralizar a figura do Presidente. Um modelo que adota a eleição como base para a formação do Governo Central, presidente e parlamentares, que elegem o primeiro-ministro como chefe de Governo.

O modelo ainda mantém funções institucionais relevantes do Presidente da República, como a chefia das Forças Armadas, o comando das relações exteriores, poderes de sanção e veto de leis, além da indicação do primeiro -ministro. Este, consequentemente,  estabelece definitivamente a figura do articulador político entre Executivo e Congresso, o qual não tem caminhado tão bem no atual sistema.

Seria possível também, delinear os partidos da oposição e da situação, sem esse conglomerado de legendas que existem hoje no Brasil - atualmente ultrapassam a soma de 30 partidos. “No semipresidencialismo, os próprios partidos vão se moldando numa linha de atuação e, com as atuais coligações, inevitavelmente lá na frente, formariam dois grandes partidos - da oposição e a situação - próprias do sistema semipresidencialista.  

Na visão de Michel Temer, na hipótese de uma necessidade de mudança no Governo, “temos apenas a queda do primeiro-ministro e imediatamente a formação de um novo Gabinete, sem os traumas institucionais de um impeachment”, completou. 

Para assistir  entrevista na íntegra do ex-presidente Michel Temer no Canal do Youtube Projeto Pauta 3, basta acessar nesse link:  https://youtu.be/V0xOeYZ5GNI

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