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Campo Grande, 23 de abril

Trilha clandestina em área de segurança nacional era usada para tráfico de cocaína

Caminho foi montado na divisa do Brasil com a Bolívia, entre Corumbá e Puerto Quijarro

Por Rodolfo César/Isabelly Melo
21/01/2022 • 13h30
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A Polícia Federal identificou que traficantes estão utilizando trilha clandestina montada em mata que tem o Exército como responsável pela manutenção do local. Operação da PF, deflagrada nesta quinta-feira (20), tenta impedir o uso dessa região para esse tipo de crime. Os investigados que estavam utilizando o caminho são jovens com idades entre 17 e 21 anos.

Entre os investigados está um corumbaense de 21 anos que vinha atuando com dois comparsas, um de 20 anos e outro de 17 anos. Eles atravessavam pasta base de cocaína pela Trilha do Gaúcho, caminho clandestino já conhecido em Corumbá e que fica dentro de mata, com acesso à Bolívia a partir de uns 200 metros de caminhada. Esse caminho é de fácil acesso pela rodovia Ramão Gomes e está localizado a cerca de 150 metros do Posto Esdras, onde há base da Receita Federal e uma unidade de imigração da Polícia Federal. A trilha fica dentro de terreno que é do Exército Brasileiro.

Ao menos 900 gramas de pasta base de cocaína foram encontrados com esse grupo investigado sendo transportado pela trilha clandestina montada dentro de área militar. Esse flagrante ocorreu no início de 2021 e culminou com a prisão de um jovem de 20 anos e a apreensão de adolescente de 17 anos. Esse caso culminou com uma investigação maior que levou à deflagração da Operação Rastro, desencadeada no dia 20 para prender o homem de 21 anos em Campo Grande, que seria o potencial organizador do transporte formiguinha da droga.

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O carregamento era levado aos poucos para a Capital e vendido de forma fracionada em pontos ilegais. O homem de 21 anos preso nessa operação fora flagrado em 2021 em Aquidauana transportado 3 kg de pasta base de cocaína também. Ele chegou a ser preso na época, mas ano passado acabou saindo da prisão e continuou com o esquema de tráfico de drogas, trazendo o entorpecente da Bolívia por meio de trilhas clandestinas, ao menos uma delas montada em território de segurança nacional e sob vigilância falha do Exército.

Trilha clandestina ligava o Brasil e a Bolívia. Foto: Dilvugação

As trilhas clandestinas que ligam o Brasil e a Bolívia, na região de Corumbá e Puerto Quijarro, foram montadas diante uma falha na vigilância que existe. A Receita Federal possui quatro auditores para monitorar cerca de 200 km de extensão de fronteira, efetivo insuficiente para realizar operações, conforme aponta os servidores.

O Exército, que tem maior efetivo na região a partir do 17º Batalhão de Fronteira, coloca cerca em algumas áreas de sua responsabilidade, mas criminosos cortam o arame regularmente e não existe outra medida mais eficaz para o monitoramento e combate a ilícitos nessas trilhas clandestinas.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem uma unidade na rodovia Ramão Gomes, extensão da BR-262, a cerca de 1,5 km da fronteira do Brasil com a Bolívia. Apesar disso, não há efetivo regular que atua nesse posto. Por isso, ele fica fechado 24 horas por dia.

Com a deflagração da Operação Rastro, pela Polícia Federal, há investigação para tentar identificar qual o volume de droga que chegou a ser transportado pela Trilha do Gaúcho e outros caminhos clandestinos na fronteira, bem como há quanto tempo esse esquema já vinha sendo realizado. As trilhas, inclusive, ainda não foram fechadas até esta sexta-feira (21).

Essas mesmas trilhas também estão sendo usadas para o contrabando de combustível e promoção ilegal de imigração, com a atuação de coiotes vendendo “pacotes” para haitianos ingressarem ilegalmente no território boliviano. Já foi identificado também que esses caminhos também permitem o chamado descaminho, que é atravessar produtos na fronteira sem passar por fiscalização e tributação.

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