Há tempos o mercado de máquinas agrícolas no Brasil não apresentava um resultado tão positivo. No mês passado, foram vendidas 6,6 mil unidades, entre tratores e colheitadeiras, o maior volume mensal desde 2007, segundo as estatísticas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
As boas perspectivas de renda gerada a partir de uma safra recorde de grãos, a retomada da demanda por tratores pelas usinas de cana-de-açúcar e a manutenção do mercado criado a partir dos programas para agricultura familiar explicam o desempenho das vendas do setor.
O resultado de março representa um crescimento de 24,5% em comparação às 5,3 mil unidades comercializadas em fevereiro. Em relação ao mesmo período de 2009, o resultado do mês passado significa um aumento de 61% sobre as 4,1 mil máquinas vendidas na ocasião. Já no primeiro trimestre do ano, as vendas domésticas somaram 16,5 mil unidades, um crescimento de 51,9% sobre os três primeiros meses de 2009.
E são os tratores que puxam a recuperação do mercado de máquinas. Em março, foram vendidas 5,49 mil unidades, entre tratores de roda e de esteira. O resultado supera em 26,5% as vendas registradas em fevereiro deste ano e em 58,7% o desempenho de março de 2009, quando foram comercializadas 3,46 mil tratores no Brasil. Com isso, o primeiro trimestre do ano fecha com vendas de 13.427 tratores, alta de 52,5% em comparação com o mesmo período do ano passado.
O custo do plantio foi mais baixo e as produtividades na maioria das culturas estão boas, o que gera uma boa expectativa para a renda dos produtores de grãos. Além disso, as usinas estão voltando a investir e repondo as máquinas que deixaram de ser repostas no ano passado, afirma Milton Rego, vice-presidente da Anfavea.
Dentro do mercado de tratores, o segmento sucroalcooleiro tem se destacado com a recuperação da maior parte das usinas, passado o pior da crise após a turbulência financeira global. Segundo Rego, a cana é a cultura em que o uso de tratores é o mais intenso em comparação a qualquer outra atividade agrícola.
Essa retomada foi sentida, inclusive, no ranking das empresas. No primeiro trimestre do ano passado, por exemplo, a Valtra, que tradicionalmente abastece com tratores as usinas de cana, detinha 22,6% do mercado de tratores e era a terceira posição no ranking. Nos três primeiros meses deste ano a empresa subiu uma colocação e ficou com uma fatia de 25,6%.
A liderança na venda de tratores permanece com a Massey Ferguson, que manteve no primeiro trimestre deste ano a participação que tinha no mesmo período de 2009, de 31,2%. Já a New Holland, que ocupava o segundo lugar com uma fatia de 24,1%, perdeu uma posição nos três primeiros meses deste ano e tem agora 21,5%.