Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, pretende doar o dinheiro de uma possível indenização que venha a receber pela ação por danos morais que move contra o autor que escreveu e a editora que publicou um livro não autorizado sobre sua filha para uma instituição de caridade.
“A instituição ainda não foi escolhida”, afirmou nesta segunda-feira (5) a advogada de Ana Carolina, Cristina Christo.
Uma liminar dada pelo juiz Edmundo Lellis Filho, na semana passada, garantiu o recolhimento e a suspensão da venda do livro “Isabella”. Cerca de 10 mil cópias foram publicadas. A sentença final sobre o processo deve ocorrer em 2010, quando o juiz poderá arbitrar também um valor para uma indenização.
Procurado, Papandreu disse no domingo (4) que pretende recorrer da decisão. Por enquanto, o livro que trata da morte da menina Isabella Nardoni como um acidente doméstico não pode mais ser vendido, sob a pena de multa. O valor não foi divulgado.
Em março de 2008, a menina, então com 5 anos, morreu após cair do 6º andar do prédio onde o pai morava, na Zona Norte de São Paulo. Para a polícia e o Ministério Público, ela foi jogada da janela pelo pai, Alexandre Nardoni, e pela madrasta, Anna Carolina Jatobá. O casal está preso acusado do crime. Ambos alegam inocência. No livro, Papandreu sugere que Isabella caiu sozinha, o que inocenta os Nardoni.
Valores
De acordo com a advogada Cristina Christo, o valor da indenização pela ação por danos contra o livro só será estipulado na sentença, que sairá provavelmente em 2010. Ela nega ter sugerido algum valor.
“Pelos trâmites normais, o escritor e a editora que o imprimiu terão de ser comunicados oficialmente da decisão e apresentarem defesa em 15 dias. Depois, eu terei mais dez dias para responder. Aí, eles terão de vir a São Paulo para uma audiência. A sentença final do juiz só sairá no próximo ano. Aí, ele vai definir um valor para indenização”, disse a advogada.
Ana Carolina também havia dito no domingo que o valor da reparação ainda não havia sido estipulado. “O processo começou agora”.
Alguns veículos de comunicação chegaram a divulgar que o valor da indenização seria de R$ 500 mil. O G1 apurou, no entanto, que não há valor de indenização sugerido pela defesa. O que há na ação é o valor do processo, para cobrir honorários, por exemplo, que é de cerca de R$ 200 mil.
A mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, chorou muito ao ler as 128 páginas do livro não autorizado sobre sua filha, afirmou sua advogada.
Choro
“Infelizmente, a Ana [Carolina Oliveira] teve de ler o livro que esse escritor fez sobre a morte da filha dela. Ela precisava saber o que ele estava sugerindo. Sei que a Ana chorou muito de tristeza ao ler esse livro”, disse Cristina nesta segunda-feira.
Recurso
Procurado no domingo para comentar a decisão da Justiça de recolher seu livro, Papandreu informou que pretende recorrer. "Acho que estão ferindo meu direito de liberdade de expressão. Vou recorrer, claro", disse ele, neste domingo.
O médico de Santa Maria (RS) afirmou ter recebido com "surpresa" a notícia. "Fiquei sabendo no sábado. Quero ver o que vão fazer com os livros agora. Não consigo imaginar por que fizeram isso. Estou incrédulo porque não caluniei, não menti e não injuriei".
Segundo ele, em São Paulo, havia 3 mil exemplares de "Isabella". Papandreu ressaltou que, até a tarde do domingo, não havia sido informado oficialmente sobre a sentença do juiz. "Eu soube por uma conhecida que pegaria os livros em um hotel de São Paulo para doação. Disseram a ela que a Justiça mandou recolher".
Publicado em junho deste ano no Rio Grande do Sul, “Isabella” poderia ganhar também uma versão nacional com o título “Caso Isabella: verdade nova”, conforme disse Papandreu no dia 15.