O planeta está em crise na área da Educação. Estudos recentes mostram que, em diversos países, entre ricos e pobres, este triste fenômeno tem mostrado as caras. Um relatório do Banco Mundial abalou o Brasil – a meu ver menos no que deveria, pois, a cirurgia no dedinho do Neymar chamou mais atenção que o fato de o organismo mundial ter revelado que nosso país vai demorar 260 anos para atingir o nível educacional de países desenvolvidos em Leitura e 75 anos em Matemática. O cálculo que nos levou a esta triste constatação foi feito com base no desempenho dos estudantes brasileiros em todas as edições do Pisa, a avaliação internacional aplicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).
Ainda no campo das más revelações, a mesma organização afirma que o nosso Brasil é um dos países em que há menos estudantes resilientes, aqueles que apesar da condição de pobreza conseguem ter bom desempenho escolar. Um estudo do órgão mostra que só 2,1% dos alunos brasileiros conseguem atingir uma faculdade de ponta mesmo saindo de escolas fracas.
No ranking de 71 países participantes, o Brasil ficou em 62.º, abaixo de outros latinos como Chile, Uruguai e Argentina. Uma das razões é o fato de alunos de baixa renda, em geral, frequentarem as piores escolas. Um dos autores do estudo, Francesco Avvisati, o Brasil ainda tem um longo caminho para garantir que estudantes tenham acesso igualitário às oportunidades educacionais, independentemente da origem dos seus pais ou do lugar em que vivem.
O jornal do Estado de S. Paulo, na edição da última segunda-feira (05/03), ao falar sobre a resiliência, contou a história do jovem Victor Gonzaga, de 19 anos. Ele mora em Guarulhos e os pais não têm ensino superior. Ao terminar o ensino médio na rede pública, fez dois anos de cursinho, com bolsa. Mês passado, surpreendeu a família toda ao ser aprovado em Medicina na Universidade de São Paulo (USP), na Federal de São Paulo e na Estadual de Campinas (Unicamp). Outro bom exemplo: o município de Sobral, no Ceará, que já atingiu média maior do que a estipulada pela OCDE, ao chegar à nota 6,7.
Ainda há resistência em meio ao caos. E a principal característica em todos eles é a capacidade de trabalhar duro, entregar-se e organizar-se. Salvar a educação no Brasil é um dever do Estado e também de cada um de nós.