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Brasil começa a vacinar 91 milhões de pessoas contra a gripe suína

Data da imunização é diferente para cada grupo da população

Começa nesta segunda-feira (8) em todos os Estados do país a campanha de vacinação contra o vírus da gripe A (H1N1), popularmente conhecida como suína. A meta do governo, que vai gastar R$ 2,4 bilhões na ação, é imunizar 91 milhões de pessoas de diferentes grupos da população.

O pavor causado pela doença no ano passado já passou, mas é bom lembrar que o Brasil se encaminha para uma temporada de frio, o que fatalmente faz com que aumentem os casos de gripe (tanto da convencional quanto da suína). Entre 25 de abril e 31 de dezembro de 2009 o vírus A (H1N1) provocou 39.679 casos graves e 1.705 mortes pela influenza pandêmica, segundo dados do Ministério da Saúde.

A estratégia do governo é vacinar os grupos considerados prioritários, que são mais suscetíveis a formas mais graves da doença. Enquadram-se nesses casos indígenas, crianças entre seis meses e dois anos de idade, adultos de 20 a 39 anos e pessoas portadoras de doenças crônicas.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse ao R7 que o país não tem vacinas disponíveis para toda a população e que ele não vê grandes vantagens em imunizar todo mundo.

– Nós precisamos ter uma reserva de vacinas para nos precavermos contra perdas que sempre ocorrem e para ampliar a população alvo de imunização, se necessário. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que as vacinas cheguem a trabalhadores da saúde, população indígena, grávidas e pessoas com doenças crônicas. Nós incluímos também as crianças de até dois anos e os adultos de 20 a 39 anos, que tiveram mais mortes e casos graves no Brasil.

O recomendável é que todas as pessoas que fazem parte desses grupos se vacinem, mesmo que tenham contraído a doença no ano passado. Além disso, grande parte dos pacientes não tiveram comprovação laboratorial de que contraíram a gripe. Devem evitar a dose pessoas que têm alergia à proteína do ovo, que é usado no processo de fabricação da vacina.

Nancy Bellei, infectologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que a vacina é segura e que os efeitos colaterais são pequenos.

– De 1% a 10% das pessoas podem apresentar dor no local da aplicação ou sintomas mais intensos como febre e mal estar nas primeiras horas. Em geral, a vacina foi bem tolerada no hemisfério Norte.

É importante destacar que de hoje até o próximo dia 19 só vão receber a vacina os profissionais da rede de saúde, o que inclui equipes de limpeza, recepcionistas, motoristas de ambulância, médicos, enfermeiros e também integrantes de laboratórios e de grupos de pesquisa de campo. A população indígena, considerada pouco resistente ao vírus, também será imunizada nesse período.

Nessa fase, “a vacina vai até as pessoas”, já que o procedimento será feito nos locais de trabalho e nas tribos.

Marque a data da sua vacinação

Para a população em geral a campanha começa no próximo dia 22 e vai até 21 de maio. Cada grupo tem de ir aos pontos de vacinação em uma data específica. Ao todo, segundo o Ministério da Saúde, 36 mil pontos de aplicação estarão disponíveis – os locais e os horários dependem da programação das secretarias municipais e estaduais de cada local.

Entre 22 de março e 2 de abril serão vacinadas pessoas que têm doenças crônicas como obesidade mórbida, diabetes, problemas respiratórios, cardíacos, hepáticos e hematológicos (de sangue). Nessa época serão vacinadas também as crianças que têm entre seis meses e dois anos e as mulheres grávidas – todas elas, em qualquer período da gestação, devem se vacinar.

Entre 5 e 23 de abril vai acontecer a imunização de pessoas entre 20 e 29 anos de idade

Encerram a campanha as pessoas de 30 a 39 anos, que vão receber a vacina entre 10 e 21 de maio.

Idoso com doença crônica toma as duas vacinas

Vale lembrar que no período entre 24 de abril e 7 de maio vai acontecer a Campanha Nacional de Vacinação do Idoso, em que pessoas com mais de 60 anos recebem a vacina contra a gripe comum. Os idosos que tiverem doenças crônicas também serão imunizados para o vírus H1N1. O procedimento será feito ao mesmo tempo (“uma em cada braço”, segundo o ministro).

André Villela Lomar, infectologista do hospital Albert Einstein, diz que a experiência dos países do hemisfério Norte mostra que só há benefícios em tomar a vacina.

– Ainda há um certo preconceito contra as vacinas, por conta de problemas que existiram no passado. Ficar sem a vacina é sempre pior, a pessoa fica mais doente. Essas doses para gripe suína foram bem testadas e melhoraram muito a situação nos países em que elas foram aplicadas. Lá praticamente não houve surtos e a expectativa é que aqui também não haja. Deve haver alguns casos, mas não tão graves.

Nancy, da Unifesp, diz que nesse ano não devem ocorrer os mesmos problemas, com alto número de casos e mortes, que em 2009.

– Estamos mais preparados para enfrentar a gripe. No ano passado houve uma grande utilização de antiviral, forte vigilância, conscientização e em cerca de quatro meses já tínhamos a vacina. Isso influencia muito para reduzir a taxa de ataque.

Entretanto, segundo a OMS, ainda é cedo para anunciar o fim da pandemia (epidemia de alcance global) e o nível de alerta deve se manter o mesmo pelos próximos seis meses.