O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), convocou a comissão representativa que atua durante o recesso no Congresso para votar nesta segunda-feira, às 15h, um decreto que aumenta o efetivo dos militares brasileiros no Haiti.
Segundo assessores do Senado, a convocação foi um pedido do ministro da Defesa, Nelson Jobim. O decreto prevê o envio de mais 1.300 militares para ajudar os atingidos pelo terremoto de 7 graus que devastou o país no último dia 12.
A comissão representativa do Congresso é integrada por 17 deputados e oito senadores que ficam de sobreaviso durante o recesso para votar casos emergenciais.
Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade o envio de mais 3.500 militares e policiais que fazem parte da missão de estabilização que o organismo internacional mantém no Haiti.
A medida aprovada prevê o envio de mais 2.000 soldados extras –que devem se juntar aos 7.000 soldados das tropas de paz já destacados no país– e outros 1.500 policiais aos cerca de 2.100 homens da força policial internacional que já atuam no Haiti.
"O envio contribuirá para a manutenção da paz e para o apoio às esforços de reconstrução", disse o presidente do Conselho, o embaixador chinês Zhang Yesui, após a votação.
O chefe das tropas de paz da ONU, Alain Le Roy, afirmou que os soldados extras são essenciais devido ao "enorme" número de pedidos de escolta de comboios humanitários.
Ele disse ainda que a ONU precisa de tropas extras para garantir a segurança nas rotas, e para a formação de uma força reserva, para atuar caso a segurança se deteriore ainda mais. Segundo Le Roy, as forças de segurança adicionais são necessárias em todos os locais de distribuição de alimentos e água.
Tragédia
O terremoto ocorreu às 16h53 do último dia 12 (19h53 no horário de Brasília) e teve epicentro a 15 quilômetros da capital Porto Príncipe, que ficou virtualmente devastada.
O Palácio Nacional e a maioria dos prédios oficiais desabaram. O mesmo aconteceu na sede da missão de paz da ONU no país, a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), liderada militarmente pelo Brasil.
O terremoto provocou 112.250 mortes e deixou 194 mil feridos, segundo um novo balanço divulgado nesta segunda-feira pela ONU (Organização das Nações Unidas). O saldo divulgado pelo governo haitiano, contudo, estima em 150 mil o número de mortos.
O último balanço das Nações Unidas indicava um total de 111.481 mortos pela tragédia. Já o governo haitiano confirmou neste domingo que o número de mortos no país já atingiu 150 mil somente na região metropolitana de Porto Príncipe, a 15 km do epicentro do tremor.
Entre os brasileiros, 21 morreram, sendo 18 militares e três civis –a brasileira Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, o chefe-adjunto civil da missão da ONU no Haiti, Luiz Carlos da Costa, e uma brasileira com dupla-cidadania europeia que não teve a identidade divulgada a pedido da família.
No total, o Haiti já teve pelo menos 50 tremores de magnitude 4,5 ou maior desde o grande tremor. Nenhum deles causou novos danos ou vítimas, mas houve alarme entre a população.
Na quinta-feira, dois fortes tremores –um com magnitude 4,8, conforme medição do Serviço Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês)– voltaram a assustar Porto Príncipe. Na quarta-feira (20), houve mais um forte reflexo do primeiro tremor, de magnitude 6,1.