O Flamengo foi para o Chile em clima de final. Só uma vitória em Santiago manteria o time dependendo apenas de si para chegar às oitavas. Andrade, que ameaçara ser cauteloso, armou o time com dois atacantes e Petkovic. Mas da teoria para a prática houve um abismo. O time entrou em campo sem postura alguma de decisão. Perdeu por 2 a 0 e ficou em situação dramática na Libertadores.
Com sete pontos no Grupo 8, o Flamengo termina a rodada como o sétimo entre os atuais segundos colocados, à frente apenas do Racing, que perdeu para o Corinthians por 2 a 0 nesta quarta. O time uruguaio tem os mesmos sete pontos do Flamengo, mas perde no saldo ( -1 a 1). Classificam-se apenas os seis melhores entre os vices.
No momento, só o Grupo 4 tem o primeiro e o segundo colocados com menos de dez pontos (Libertad e Universitario, com nove). Desta forma, é uma chave a ser observada com atenção pelos rubro-negros. Nesta quinta-feira, o Libertad enfrenta o Blooming, às 19h30m, fora de casa. No mesmo horário, o Lanús recebe o Universitário. Se o Lanús vencer, e o Libertad perder, o Flamengo ultrapassará o segundo colocado desta chave em caso de vitória na próxima semana.
Na última rodada, o Flamengo enfrenta o Caracas, quarta-feira, no Maracanã. Precisa, primeiro, jogar como um time que busca a classificação. Depois, vencer e torcer. Antes, os rubro-negros fazem a final da Taça Rio, domingo, às 16h, contra o Botafogo. Adriano, recuperado da lombalgia que o tirou do jogo no Chile, reforça a equipe.
O primeiro tempo em Santiago foi desesperador para o Flamengo do início ao fim. Na primeira jogada de perigo, Valenzuela levantou a bola na direção de Morales, que estava marcado por Ronaldo Angelim. Álvaro abandonou seu posto e correu para a bola. Ele e Angelim pularam juntos, mas não chegaram nem perto de ameaçar Morales. Era a insistente dificuldade rubro-negra na bola aérea dando as cartas logo de cara. O atacante desviou a bola para trás e Damian Diaz, que não foi acompanhado por Willians, entrou livre para tirar de Bruno: 1 a 0, com apenas dois minutos.
O cenário era desolador para os rubro-negros. O Universidad Católica girava a bola de um lado para o outro sem ser incomodado. Willians, Maldonado e Toró corriam quase sempre atrasados. Petkovic parecia um mero torcedor dentro de campo.
Com o meio de campo mal na partida, a bola só chegava a Vagner Love e Bruno Mezenga na base do chutão. Foram raríssimas as vezes em que o Flamengo conseguiu trocar mais de três passes no campo adversário. Em uma delas, aos oito, Willians rolou para Léo Moura, que foi ao fundo e cruzou. Love tentou completar de letra, mas o goleiro abafou a jogada.
Do outro lado, os chilenos passeavam. Aos 17, Morales recebeu passe em profundidade, deixou Álvaro a metros de distância, mas chutou por cima. O zagueiro só teria mais uma participação na partida. Aos 22, ao tentar cortar uma bola na área, Álvaro se machucou e deu lugar a Fabrício.
A troca na zaga não mudou o panorama. Era o Universidad que continuava dominando. O Flamengo andava em campo, como se não estivesse em jogo a vaga na segunda fase. Aos 25, Silva correu em diagonal da esquerda para a direita, tocou entre as pernas de Maldonado, tirou Angelim da jogada, e chutou. A bola desviou em Fabrício e foi para escanteio.
Aos 32, Love conseguiu finalmente sua primeira arrancada na partida. O atacante rolou para Bruno Mezenga, que tentou cavar falta inutilmente.
Até ali, Petkovic continuava participando pouco. Mas duas jogadas do sérvio poderiam ter mudado o rumo do primeiro tempo. Aos 35, Pet recebeu de Juan e chutou cruzado, obrigando o goleiro Garces a fazer defesa importante. Aos 40, o meia deu passe milimétrico para Willians, que teve a chance de completar de primeira. Em vez disso, preferiu driblar o zagueiro, adiantando demais a bola e permitindo a saída de Garces.
Quando o time parecia só esperar o fim da etapa inicial para corrigir as falhas no intervalo, Leonardo Moura roubou uma bola no meio e iniciou bom contra-ataque. O que parecia esperança virou drama. O lateral tentou passar para Petkovic e errou. Na sequência, Silva recebeu na esquerda, sem Leo Moura por perto. O chileno cruzou e Fabrício chegou atrasado. Morales também não alcançou, mas acabou atrapalhando Bruno. Quando o goleiro pulou, já era tarde: 2 a 0.
– Agora temos de tentar fazer um gol para diminuir o saldo, que é importante – dizia um realista Angelim na saída de campo.
Andrade muda e time melhora, mas para na trave e em Garces
As duas jogadas nos minutos finais do primeiro tempo não foram suficientes para manter Petkovic em campo. Para o segundo tempo, Andrade tirou não só o sérvio, mas também o estranhamente disperso Willians. O técnico apostou em Fierro e Vinícius Pacheco.
O time até melhorou, mas os espaços na defesa aumentaram. Aos nove, Mirosevic entrou livre e quase fez o terceiro.
Precisando desesperadamente de um gol, o Flamengo se lançou ao ataque como podia. As principais jogadas saíam pelo lado direito. Por ali, aos dez, Pacheco fez boa jogada individual e chutou rente à trave. Cinco minutos depois, Mezenga recebeu de Love e bateu forte. Garces apareceu bem e jogou para fora.
Aos 19, o grande momento rubro-negro no segundo tempo. Fierro cruzou na cabeça de Love, mas o zagueiro deu um leve desvio antes do arremate. Na sobra, Juan acertou uma bomba na trave. O panorama era outro.
Apesar da leve pressão rubro-negra, a melhor chance foi dos chilenos. Aos 32, Diaz cruzou e Bruno passou pela bola. Ela sobrou limpa para Morales, que, debaixo da trave, conseguiu chutar por cima do travessão.
Aos 45, a chance derradeira para os rubro-negros. Depois de discutir com Mezenga para saber quem bateria, Fabrício cobrou falta de longa distância, e Garces segurou sem maiores problemas. Era o fim da noite melancólica para o caro time do Flamengo, perto de transformar o alto investimento em vexame.