Os países africanos, apoiados por outras nações em desenvolvimento, suspenderam a participação nesta segunda-feira em vários grupos de negociação da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que acontece desde a semana passada em Copenhague, na Dinamarca.
Os representantes dos países pobres deixaram a negociação por estarem preocupados com a possibilidade de o Protocolo de Kyoto, o único instrumento internacional atualmente existente para lutar contra o aquecimento global, ser abandonado. Alguns países desenvolvidos querem que seja firmado um novo tratado para o clima, que não necessariamente seria estabelecido em Copenhague.
Já as nações em desenvolvimento querem que Kyoto, que força os países desenvolvidos a limitar suas emissões de gases do efeito estufa, seja mantido e ganhe um futuro com o acordo a ser fechado na reunião.
A expectativa é que, da reunião de Copenhague, saia um acordo que substitua o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. Esse protocolo, criado em 1997 e que começou a vigorar em 2005, estabelecia que os países desenvolvidos se comprometessem a reduzir em 5,2% as emissões de gases causadores do efeito estufa, considerados os responsáveis pelo aquecimento global, tomando por base o que foi emitido em 1990.
Há também uma pressão para que as nações desenvolvidas aumentem suas propostas de redução de emissão de gases do efeito estufa. Zia Hoque Mukta, um representante de Bangladesh, diz que "nada está acontecendo no momento".
Jeremy Hobbs, diretor executivo da ONG Oxfam International, disse que, com a saída das negociações, "a África soou o sinal de alerta para evitar que o trem descarrile ao fim desta semana [quando acaba a reunião]".
– Os países pobres querem um resultado que garanta importantes reduções das emissões. Os países ricos, no entanto, estão tentando atrasar as discussões sobre o único mecanismo de que dispomos para isto, o Protocolo de Kyoto.