A prefeita Márcia Moura (PMDB) disse ao Jornal do Povo, que está aberta para receber e conversar com as famílias que invadiram terrenos da prefeitura na Vila Piloto. Entretanto, foi enfática e disse que não permitirá invasões em áreas públicas. “Estou aberta ao diálogo, somos parceiros da população, mas,invasões não vamos aceitar”, ressaltou.
Cidade
Prefeita está aberta a diálogo, mas não aceitará invasões
Uma está em um terreno próximo ao quartel da Polícia Militar Ambiental e outro em uma área no fundo do buracão da Vila Piloto
De acordo com a prefeita, providências judiciais já estão sendo tomadas para evitar esse tipo de atitude. “Somos sensíveis à situação dessas famílias, mas não conseguimos entregar casas da noite para o dia. Não estamos omissos em relação à construção de moradia. No ano passado já entregamos 1.224 apartamentos e, mais 1.432 já estão em construção. Estamos buscando alternativas para diminuir o déficit habitacional que existe na cidade”, enfatizou.
Segundo Márcia Moura, as novas unidades habitacionais em construção, serão entregues no ano que vem. Em junho,o Departamento de Habitação deverá abrir o cadastro e recadastramento para as famílias que querem ter casa própria. No último levantamento realizado, o Departamento de Habitação informou ao Jornal do Povo, que existiam mais de sete mil famílias na fila de espera aguardando por uma moradia. “Várias casas já foram entregues e, mais 1.432 estão em construção, agora, a cidade está em processo de crescimento, e não temos condições de atender todas as pessoas de uma única vez. Não posso prometer o que não vou cumprir. Volto a dizer, quesou sensível a causa dessas famílias e estou aberta ao diálogo para estudarmos algumas possibilidades”, acrescentou.
FAMÍLIAS
Enquanto aguardam um posicionamento da prefeita, as famílias que invadiram os terrenos da prefeitura permanecem no local e afirmam que não vão sair da área até terem a garantia da prefeita de que algo será feito para ajudá-las. Entretanto, em uma das áreas ocupadas localizada no fundo do buracão da Vila Piloto, algumas pessoas já iniciaram as construções de casos, sendo que uma delas, estáem estágio bem avançado de construção.
Fernando José do Amaral, de 57 anos, pai de duas crianças, disse que não tem condições de pagar aluguel e que mora de favor na casa do irmão. “Eu tentei comprar um terreno, mas pediram R$ 8 mil de entrada mais as parcelas, eu não tenho esse dinheiro e não tenho para onde ir, estou com os móveis amontoados na casa do meu irmão. Então, vou construir duas peças aqui e pular para dentro. O que eu ganho é praticamente para comer. Só estou aqui porque não tenho mesmo como pagar aluguel e nem comprar um terreno. O custo de vida em Três Lagoas está muito alto, então, quando a gente acha uma situação como essa, temos que aproveitar, até porque eu não sou o primeiro que vou construir aqui”, informando que já havia comprado, ontem, 250 blocos e um saco de cimento para iniciar a construção.
José Nilton da Silva, 47 anos, está morando em um barraco no local há 22 dias. Ele disse que não tinha mais condições de pagar aluguel, por isso, resolveu ocupar o terreno. A casa que ele começou a construir já está em estágio bem avançado. “As pessoas têm que começar a construir mesmo, temos que optar por comer ou pagar aluguel, não dá mais”, disse.
Silva comentou que assistentes sociais já estiveram no local solicitando que as famílias procurassem os Centros de Referência da Assistência Social para fazer um cadastro, mas disse que os ocupantes das áreas querem falar com a prefeita. “Queremos que a prefeita ceda esse espaço para nós construirmos, já que está vazio e abandonado. Há 15 dias recebemos a notificação para desocupar essa área, mas nós queremos construir casas, tudo certinho, e não barracos”. A prefeitura doa áreas para as empresas, então, porque não pode doar para os moradores que não tem casa?, questionou Francisco de Oliveira Araújo, que também demarcou um espaço na área.
São dois grupos de famílias que invadiram as áreas da prefeitura. Uma está em um terreno próximo ao quartel da Polícia Militar Ambiental e outro em uma área no fundo do buracão da Vila Piloto. Em um dos cadastros, organizado pelas lideres de cada grupo, já existem 60 famílias na lista. No outro grupo, mais de 40 famílias relacionadas. Algumas pessoas ficam no local, outras apenas demarcaram o espaço.