Aproximadamente 400 haitianos procuraram Três Lagoas em busca de oportunidade de trabalho. Os dados são da Polícia Federal de Três Lagoas, que informa que o primeiro pedido de visto foi expedido em março de 2013, mas que não sabe informar quantos residem ou trabalham na cidade.
Conforme o delegado de Polícia Federal, Daniel Coraça Junior, o vistoé definitivo, porém, a carteira de identidade do imigrante tem que ser renovada a cada cinco anos.
Os haitianos que estão chegando em Três Lagoas estão sendo contratados por indústrias têxteis, de refrigeração e pela construção civil.
Além da busca por oportunidades, há casos de haitianos que também acabam deixando o país para fugir da miséria e de surto de doenças depois do forte terremoto que abalou aquele o país caribenho em janeiro de 2010, quando mais de 300 mil pessoas morreram e outras 300 ficaram desalojadas.
De acordo com Coraça, entre 80% e 90% dos estrangeiros haitianos que estão no país entraram pela fronteira do Acre com a Guina Francesa. “Em torno de 90% pedem refúgio na Delegacia de Fronteira, quando já estão em território brasileiro”, revela o delegado.
Foi o caso de FednerDabady, 29 anos, que desde novembro está em Três Lagoas, após deixar seu país para trabalhar.
Fedner que tem formação de técnico em informática, já trabalhou em uma companhia coreana de telefonia móvel, quando ainda residia em seu país, fala três línguas – créole (dialeto do Haiti), além de inglês e francês, e agora aprende a língua portuguesa.
Misturando um pouco da língua portuguesa e do espanhol, Fedner explica que chegou ao Acre com diversos compatriotas. “Assim que cheguei, representantes da empresa de refrigeração que presto serviço, estava naquela cidade recrutando haitianos para o mercado de trabalho de Três Lagoas. Foi ai que começou minha história nesta cidade”, revelou Fedner, que já não tem mais os pais, mastem duas irmãs que ainda moram no Haiti e outros dois irmãos que vivem nos EUA. “Foram meus irmãos que me incentivaram a vir para o Brasil. Em breve pretendo buscar minha namorada para vir viver comigo no Brasil”, completou.
Para permanecer no Brasil, qualquer estrangeiro, além de solicitar visto de permanência , deve renová-lo a cada seis meses, caso pretenda ficar no país.
No mês de junho, vence o visto do haitiano, Rafael Edgard, de 31 anos, que também chegou na cidade em novembro junto de Fedner, os quais residem em um alojamento masculino, com outros 117 imigrantes daquele país, tendo descontados em seus salários, aproximadamente R$ 180,00 dos cerca de R$ 1 mil que recebem, mensalmente.
Rafael é de Cabo Haitiano, tem um filho e não está casado, segundo informa. “Vim para trabalhar, conquistar uma vida melhor e poder sustentar minha filha que ficou lá”, explica que chegou ao Brasil tendo experiência na profissão de pedreiro, mecânico e eletricista. “Cheguei aqui com o convite de uma empresa de refrigeração. Pretendo permanecer por algum tempo ainda, mesmo porque estou pagando um curso”, comenta Rafael.
Como forma de lazer, Fedner e Rafael preferem ir à igreja, jogar dominó e assistir televisão, enquanto outros saem para dançar, paquerar ou qualquer outro tipo de diversão.
Concessão de vistos para haitianos será ampliada no Brasil
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, por mês, pelo menos 1 mil haitianos entram sem visto no território brasileiro.
Somente a cidade de São Paulo recebeu cerca de 2 mil imigrantes do país caribenho, desde 2011. No último mês, em torno de 500 chegaram à cidade,despachados pelo governo do Acre.
Conforme mostrou a Folha de S. Paulo, o governo do Acre gastou R$ 1,6 milhão no fretamento de 50 ônibus para enviar a São Paulo cerca de 2,2 mil imigrantes, entre eles senegaleses, dominicanos e, principalmente haitianos.
Essa medida do governo acreano gerou uma crise com o governo do Estado de São Paulo, embora, ambos, acusem o Governo Federal de ser omisso em relação ao problema.
A Agência Brasil publicou reportagem no fim da tarde de ontem, informando que o Brasil vai ampliar a concessão de vistos para haitianos, como forma de coibir a entrada ilegal dos imigrantes no Brasil, e assim facilitar o acesso a serviços públicos de educação, saúde e emprego.
O objetivo é coibir a ação de coiotes, que são pessoas que cobram pela travessia de imigrantes.
Conforme Figueiredo, a ideia é adotar um novo tipo de organização na entrada dessas pessoas. “Hoje em dia os haitianos estão sendo vítimas, para chegar ao Brasil, dos coiotes. O que queremos e buscamos é que tirem o visto nas nossas embaixadas, ou no Haiti ou na rota de caminho para o Brasil, para que entrem aqui devidamente documentados e protegidos de quadrilhas de crime organizado que fazem esse tráfico de pessoas”, explica o ministro das Relações Exteriores.