Com currículo vasto e desempenho razoável nas últimas eleições municipais de São Paulo, Gabriel Chalita, do PMDB, aparecia como nome forte para dividir a chapa do governo paulista com Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Após denúncias de improbidade administrativa, enriquecimento ilícito, superfaturamento de contratos públicos e desvio de dinheiro, o sonho de chegar ao comando do governo do estado de São Paulo perdeu força.
Não apenas essa questão foi sacramentada com as acusações de que o deputado federal peemedebista teria recebido R$ 50 milhões em propinas enquanto comandava a pasta estadual de educação.
Chalita, que apoiou Fernando Haddad, do PT, no segundo turno da eleição paulistana, era cotado para assumir o Ministério da Educação ou o Ministério da Ciência e Tecnologia, cargos que lhe dariam projeção suficiente para concorrer posteriormente a cargos relevantes do Poder Executivo.
De acordo com Maria do Socorro Souza Braga, professora de relações internacionais da Ufscar, os escândalos de corrupção atribuíram desconfiança a imagem de "bom moço" a qual Chalita sempre defendeu.
"Chalita ficou sem moral em função das acusações. A presidência da Comissão da Educação na Câmara serve como prêmio de consolação pelo apoio que ele ofereceu a Haddad na eleição em 2012".
Mesmo diante dos rumores, a legenda peemedebista confiou a ele a missão de concorrer à presidência do cargo. Ainda assim, dificilmente terá o mesmo comportamento caso o deputado federal pleiteie concorrer na corrida estadual.
Acuado, Chalita se defende e avalia que foi vítima de jogo político de pouca ética. "Fui acusado por causa de um movimento político. Não estou me sentindo bem com acusações. Sou humano. É doloroso, a injustiça dói. Nada é mais doloroso do que a injustiça", explicou Chalita, após a votação que o consagrou presidente da Comissão.
Não apenas Chalita saiu perdendo com as denúncias. O PMDB, que o tinha como nome mais forte para concorrer ao governo de São Paulo, talvez não atribua a mesma confiança a Skaf. Com isso, o partido perderá a possibilidade de negociar o apoio da sigla a candidatura da presidente Dilma Rousseff, mesmo que Michel Temer não garanta o cargo de vice-presidente.
Os rumores que indicam que Temer poderia ser substituído na chapa por Eduardo Campos, do PSB, ainda existem. A maneira de o PT manter o partido na base aliada seria oferecer aos peemedebistas o apoio total para um candidato ao governo do principal estado do país.
"Para isso, porém, a sigla de Chalita, Skaf e tantos outros, precisaria definir um nome que parece eternamente indefinido", diz Maria do Socorro.