
O Conselho Tutelar de Três Lagoas registrou quatro casos de estupro somente nesta semana. Desde o início deste ano, o conselho atendeu a cinco desses casos. De acordo com o presidente do Conselho Tutelar, Davis Martinelli Leal, todos os crimes foram praticados contra meninas com menos de 12 anos. Além disso, nesses quatro casos, foi predominante a participação de pessoas próximas à criança ou da mesma família.
O primeiro estupro foi descoberto na segunda-feira. Uma menina de sete anos foi atendida no Hospital Auxiliadora com fortes dores abdominais. Ao consultar o médico, ela confessou que vinha sofrendo abuso do padrasto. O hospital acionou o conselho para investigar o caso.
Conforme Leal, aos conselheiros, a mãe da menina relatou que mora no município há seis meses. Logo que chegou à cidade conheceu um caminhoneiro e resolveu morar com ele. Leal contou que o padrasto pedia para que a mãe deixasse a filha acompanhá-lo nas viagens que faz por todo Brasil para ter uma companhia. “A mãe permitia que a criança viajasse [sozinha] com o padrasto. Ela chegava a ficar até 20 dias fora de casa”, disse. A vítima contou que os abusos ocorriam justamente na cabine do caminhão. “Ele ameaçava abandoná-la em um posto de combustível de beira da estrada, caso não mantivesse relação sexual”, disse.
O segundo caso envolveu uma menina de 12 anos. Os pais da criança acionaram o conselho após ela ter desaparecido. Eles disseram que já fazia dois dias que a filha não aparecia em casa. Conselheiros tutelares investigaram o paradeiro da garota e a encontraram na república de um trabalhador da construção civil, de 21 anos. A menina alegou que namora o rapaz e que é apaixonada por ele. “Ela chegou a se negar a fazer o exame de corpo de delito, pois não queria prejudicá-lo. Mas conseguimos convencê-la e o exame provou que eles mantiveram relação sexual”, disse. O caso é caracterizado como estupro de vulnerável, mesmo que a menina tenha consentido o sexo.
A terceira vítima, uma menina de seis anos, teria sido abusada sexualmente pelo avô paterno. Esse caso também foi descoberto por médicos do Hospital Auxiliadora. Os pais da criança a levaram para o hospital após ela sentir dores abdominais e lá a garotinha relatou que o avô a obrigava acariciar as partes íntimas e o mesmo ele fazia com ela. Segundo Leal, os pais a deixavam na casa dos avós todos os dias enquanto se ausentavam para trabalhar. A exploração ocorria enquanto a avó da criança também não estava presente. “Os pais ficaram espantados com o abuso e não a deixam mais com ele”, disse. Destacou também que um exame vai indicar se ele chegou a manter relação sexual com a neta.