A Secretaria de Saúde de Três Lagoas está em alerta por conta do aumento do índice de infestação de dengue na Cidade. Com a chegada do verão os problemas relacionados à doença começam a reaparecer. A situação não preocupa apenas o Município, o aumento no número de casos notificados está crescendo em todos os municípios do Estado. Corumbá carrega o peso de ser a cidade que mais registrou casos da doença em 2009, Três Lagoas segue na 46ª posição diante dos 78 municípios de Mato Grosso do Sul.
Segundo a diretora da Vigilância em Saúde, Angelina Zuque, uma reunião aconteceu em Campo Grande para tratar da situação que acomete o Estado. Doze municípios, incluindo Campo Grande, passam por um momento crítico. E com a proximidade das férias, Três Lagoas corre o mesmo risco. “O movimento de gente circulando na Cidade aumenta no período de férias. O calor e as chuvas propiciam a proliferação do mosquito e os índices têm sido maiores nesta época do ano, o que nos deixa em alerta e nos obriga a tomar medidas”, ressalta.
Angelina explica que a Cidade é divida em quatro estratos e todos eles estão com altos índices de infestação. “Nenhuma das quatro áreas está com índice menor do que 1, considerado o ideal. Hoje nossa variável vai de 1,4 até 3,5. É um índice alto se comparado com o que tínhamos no meio desse ano, quando as chuvas não eram tão frequentes”.
Se comparado ao inverno, o índice de infestação era menor, de acordo com ela, estava estável em 1,5. “Esta era a média do município. O ideal seria zerar, manter abaixo de 1, mas controlando já é um bom começo. Estamos trabalhando a todo vapor neste combate”.
A diretora esclarece que parte do aumento se deve a falta de cuidados da população. “Não podemos deixar que ações simples causem tantos transtornos a população. Depósito de água, poças, quintal sujo, acúmulo de lixo; nada disso pode fazer parte da nossa realidade. Tudo colabora com a proliferação da doença”.
MEDIDAS
Para garantir um atendimento de qualidade e mais agilidade no diagnóstico, 126 agentes de saúde e 18 médicos receberam treinamento com profissionais de Secretaria de Saúde do Estado. Angelina diz que a intenção é intensificar todas as ações para o verão. “Todos os agentes de endemias, em parceria com os agentes de saúde, estarão fazendo o manejo ambiental, intensificando a prevenção e orientação. Nosso objetivo é acabar com o foco gerador. Um exemplo de trabalho que tem contribuído é o Ecoponto”.
Ainda buscando alternativas para diminuir os índices, Angelina conta que em Campo Grande e Dourados está sendo realizada um pesquisa para saber se os mosquitos se proliferam dentro da caixa dágua. “Água parada é sinônimo de foco gerador. Queremos saber se o mosquito se reproduz e por isso acompanhamos a pesquisa. Um das nossas medidas na Cidade é distribuir de tampas de caixa d’agua e coberturas para vasos sanitários”.
A diretora enfatiza que todos os procedimentos adotados têm como objetivo otimizar o trabalho e evitar que as pessoas morram por dengue. “Queremos diminuir a gravidade e evitar o óbito distribuindo medicamentos e cuidando adequadamente dos pacientes. Nossa intenção é que nossos profissionais saibam classificar os casos que podem ser atendidos nas unidades básicas de Saúde e quais devem ser encaminhados ao hospital”.
Contribuição da população é fundamental
A diretora da Vigilância em Saúde, Angelina Zuque, lembra que toda essa mobilização só é valida quando a população contribui. “Sem o apoio das pessoas fica impossível reduzir esse foco. A realidade no Estado preocupa e reuniões têm acontecido por conta do assunto. Só este ano tivemos 98 casos notificados e 11 confirmados. Corumbá – cidade que está em primeiro lugar no ranking da dengue – notificou 7.135 casos”.
Em Três Lagoas a incidência do vírus circulante é do tipo 1 e 2. “Há um vírus diferente circulando pela Cidade. No Brasil temos três tipos. No Município, a última epidemia do tipo1 foi nos anos 90, portanto há um grande número de pessoas suscetíveis”.
NÚMEROS
Entre as preocupações com a proliferação da doença está o avanço do número de casos mais complicados. Em 2006, três pessoas morreram vitimas de complicação da doença, em 2007 esse número dobrou, chegando a seis óbitos no município. Desde então, ações incisivas reduziram o número de casos e também de mortes.
Em 2006, 2.588 casos forma notificados, e 2.272 confirmados. Em 2007 esse número saltou para 3.506 notificados e 3.362 confirmados, ou seja, 1090 casos a mais.
No ano de 2008 a queda foi significativa, e apenas 71 casos foram notificados, sendo 15 confirmados. Este ano, até o dia 15 de dezembro, 98 casos notificados e 11 confirmados.
A faixa etária mais acometida nos últimos nove anos foi dos 15 aos 24 anos, totalizando 1459 pessoas. Em segundo lugar (25-34 anos), 1357 pessoas. A menor incidência está em crianças de até um ano de idade, de 2000 a 2009, 40 contraíram dengue. Idosos acima de 65 anos também sofreram com a doença, e 549 foram contaminados.