Alunos do projeto Criador e sua Arte, implantado no Jupiá no dia 4 de março deste ano, tiveram a primeira aula prática ontem. Já uniformizados e com os kits de pintura em mãos, os aprendizes prestavam atenção aos detalhes passados pela professora de artes. “Jupiá é uma comunidade muito carente de cultura. Esse projeto, além de tirar a ociosidade dos jovens, contribui para que eles conheçam o envolvente mundo da arte”. A pintura é feita em placas de celuloses, cedidas pela Fibria. As aulas acontecem todas as terças-feiras, a partir das 13h, e são gratuitas.
De acordo com a coordenadora geral do projeto e presidente da Casa da Cultura Nilva Barroso, 70 alunos de 12 a 25 anos estão envolvidos com o projeto. As vagas seriam destinadas a apenas 50 jovens, mas Nilva achou importante dar oportunidade também aos 20 que estavam na lista de espera. “Não quisemos deixá-los de fora. Afinal, eles também merecem uma chance de ampliar os conhecimentos. Podem existir grandes artistas entre os aprendizes”, disse.
Neste ano, os jovens têm como meta pintar 500 telas. Elas serão expostas no final do ano. O local da exposição, porém, ainda não foi definido. “Eles poderão apresentar os trabalhos a toda à população”, contou. Nilva descarta a possibilidade de comercializar as telas, pois os alunos apegam-se às obras e não aceitam se desfazer delas. Algumas delas serão encaminhadas a bibliotecas de várias cidades do Brasil através do Ministério da Cultura, que apoia o projeto. O supermercado Proença também está entre os patrocinadores do projeto.
A maioria (47) dos alunos participou do projeto Horizonte da Arte, desenvolvido no ano passado. Esse programa era semelhante ao Criador e sua Arte. O objetivo também era ensinar as crianças a expressar os sentimentos através da pintura. A diferença é que no ano passado eles não expuseram o produto final.
MATÉRIA-PRIMA
As placas de celulose não eram utilizadas para a pintura a óleo. Segundo Nilva, era possível usá-las apenas para pintar com tinta acrílica. Mas, há três anos, a coordenadora resolver arriscar após ganhar uma placa de celulose. O teste deu certo. “Graças a um produto que é misturado à tinta conseguimos fazer as pinturas a óleo”, explicou.
A celulose foi a escolhida, pois é uma matéria-prima muito produzida no município. Segundo Nilva, é fundamental que os alunos valorizem aquilo que faz parte da história da cidade, já que a celulose foi uma das responsáveis em fazer com que Três Lagoas fosse conhecida em boa parte do Brasil.