
Depois de dez anos com a obra paralisada, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) foi inaugurado, em Três Lagoas, nesta semana. O espaço, construído no complexo da Polícia Militar Ambiental (PMA), atenderá animais feridos, resgatados ou vítimas de atropelamentos — um cenário cada vez mais comum devido ao grande fluxo de veículos em um dos principais corredores ecológicos do Estado.
Para o diretor-presidente do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), André Borges Barros de Araújo, a implantação do Cetas não é apenas necessária, mas urgente.
“O grande volume nas estradas da Costa Leste fez com que aumentasse também os acidentes com animais silvestres. O centro de triagem vem de encontro com a conservação do meio ambiente e dá resposta imediata ao que observamos em campo”, destacou.
A unidade foi equipada para funcionar como uma verdadeira linha de cuidado aos animais. O novo Cetas conta com sala de pronto atendimento veterinário, jaulas adaptadas, climatização, geladeira, bebedouro, equipamentos diversos e veículo próprio, permitindo tanto o socorro imediato quanto a permanência temporária até o encaminhamento adequado.

Segundo o médico veterinário Hugo Nogueira, que atuará diretamente no local, o centro chega para suprir uma demanda histórica.
“O Cetas será como uma UPA para os animais silvestres. Aqui eles recebem o primeiro atendimento, estabilização e triagem. Somente os casos mais graves serão enviados ao Cras, em Campo Grande”, explicou.
Até então, todos os animais resgatados em Três Lagoas e municípios vizinhos dependiam exclusivamente do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) para tratamento, o que contribuía para a sobrecarga da unidade na capital. Com o novo Centro, a logística e o atendimento se tornam mais ágeis, ampliando as chances de recuperação das espécies.
O empreendimento recebeu investimento de R$ 1,7 milhão e teve a obra iniciada em 2015, como medida compensatória vinculada à instalação das indústrias de celulose na cidade. No entanto, o projeto foi interrompido e só agora, uma década depois, finalmente entra em operação.
O Imasul destaca que o Cetas nasce dentro de uma área estratégica, cercada por extensas faixas de vegetação nativa, matas ciliares e reflorestamentos — um ambiente que concentra grande variedade de espécies e, ao mesmo tempo, aumenta o risco de atropelamentos e conflitos com a malha viária.