As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no ano passado deixaram marcas profundas: 184 pessoas morreram, 25 seguem desaparecidas e 478 municípios foram afetados, cobrindo 96% do território gaúcho. Entre os militares que atuaram no resgate das vítimas estava o soldado Arthur Bernardes, natural de Três Lagoas, que integra o Corpo de Bombeiros gaúcho desde 2023.
Em entrevista ao programa RCN Notícias, da TVC HD canal 13.1, Bernardes contou sobre os desafios enfrentados.
“Foi uma tragédia que assolou várias pessoas. Logo após me formar, em julho de 2023, já me deparei com enchentes no estado. Mas nada comparado ao que vivemos no ano passado. Foram duas semanas de chuva intensa, sem sol, e rios transbordando em níveis que eu nunca tinha visto”, relatou.
O bombeiro destacou a atuação conjunta entre corporações de vários estados.
“Tivemos ajuda de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul. Em uma missão marcante, precisei resgatar um idoso em São Leopoldo ao lado de militares sul-mato-grossenses. Tivemos que carregar o barco por 600 metros para atravessar até chegar ao local. Foi uma das experiências mais difíceis e inesquecíveis da minha vida”, disse.
O drama também atingiu pessoalmente o militar. Enquanto trabalhava em resgates, sua própria casa em São Leopoldo foi tomada pela água.
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“Estava em missão quando recebi a notícia de que minha rua estava alagada. Quando consegui chegar, já havia um metro e meio de água dentro de casa. Foi um choque enorme, mas segui focado no trabalho de salvar vidas”, relembrou.
Apesar do desgaste físico e emocional, Bernardes contou que encontrou forças para continuar.
“Depois de dias intensos, cheguei a ter febre alta, mas mesmo assim só conseguia pensar em voltar para ajudar. Foi uma missão que marcou não só minha carreira, mas minha vida”.
O soldado, que está de férias em Três Lagoas, foi recebido com orgulho por familiares e amigos. Ex-nadador, ele destacou a coincidência de sua primeira grande missão ter sido justamente nas águas.
“Deus quis que fosse assim, e pude usar tudo que aprendi para ajudar pessoas em um dos momentos mais difíceis da história do Brasil”, concluiu.
