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Editorial

Três Lagoas, 110 anos de muita prosperidade

Leia o Editorial do Jornal do Povo, que circula nesse sábado (14)

Leia o Editorial do Jornal do Povo, que circula nesse sábado (14). Foto: Divulgação.
Leia o Editorial do Jornal do Povo, que circula nesse sábado (14). Foto: Divulgação.

Neste 15 de junho, assinalamos mais um ano de emancipação política e administrativa do município, que, entre fases da sua existência, destaca-se por três momentos relevantes da sua história, os quais causaram impactos para o seu desenvolvimento. Primeiramente, em 1912, com a chegada da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil – a nossa saudosa NOB – e a inauguração da estação ferroviária, que proporcionou o desenvolvimento comercial e da pecuária. Tarda a sua reativação, que possibilitará o transporte de cargas e passageiros. Nos anos sessenta, registra-se a construção da Hidrelétrica de Jupiá, hoje sob a direção dos chineses, que incorporaram, também, a Usina de Ilha Solteira. E, em 2009, a construção das primeiras fábricas de papel e celulose pela International Paper. E, nessa esteira de desenvolvimento industrial, muitas outras de importância foram instaladas no nosso distrito industrial.

A produção de celulose e papel praticamente mudou o cenário socioeconômico do município, por conta da plantação de florestas de eucalipto que ocupam, no campo, milhares de hectares destinados antes à pecuária extensiva. No caminhar do tempo, veio mais uma fábrica de celulose e, há dez anos, deu-se início à construção da fábrica de fertilizantes da Petrobras, que promete, para o segundo semestre deste ano de 2025, a retomada da execução da parte final desse projeto industrial, que precisa ser concluído para abastecer o setor agrícola do país com ureia e amônia, cujos insumos farão nossas terras produzirem mais, além de contribuir para a redução de nossa dependência na importação de fertilizantes.

Hoje, somos o principal polo de exportação de Mato Grosso do Sul e um dos mais destacados do país. Diante dessa realidade, há expectativa para a implantação do “porto seco”, cuja finalidade será o desembaraço, pela Receita Federal, da produção industrial da cidade e região destinada à exportação. Estamos na Rota Bioceânica, que interligará as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste ao Oceano Pacífico, encurtando o caminho para a Ásia. Essa ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico, atravessando o Brasil, Paraguai e Chile, sem dúvida contribuirá para o incremento do comércio e do setor de serviços, bases de sustentação do nosso desenvolvimento. Isso tudo, sem detalhar os efeitos da construção de mais duas fábricas de celulose na região – uma em Inocência e outra em Bataguassu –, as quais surtirão resultados econômicos para a cidade. Cento e seis anos passaram e nos tornamos polo de desenvolvimento regional, representando um dos pilares da economia nacional.

Todo esse crescimento que hoje vivemos com entusiasmo e que faz vibrar nossos sentimentos pela nossa Três Lagoas, onde mais movimentos nas áreas da indústria e de serviços estão chegando para aquecer nossa economia, remete-nos à lembrança do registro de Euclides da Cunha em seu livro À Margem da História, quando destaca a observação do Dr. Hermilo Alves em sua monografia sobre “Problemas da Viação Férrea para Mato Grosso”. Esse engenheiro das Minas Gerais era tido e havido como o maior furador de picadas ferroviárias, como fora rotulado na época. Autor de notável monografia sobre o “Problema da Viação Férrea para Mato Grosso”, destacou, como profecia para o desenvolvimento da região, que aqui se estabeleceria, com o aproveitamento das duas quedas – a de Urubupungá, no rio Paraná, e Itapura, no Tietê, distantes uma légua –, a geração abundante de energia elétrica, considerando-se a fantástica força hídrica que poderiam gerar. E, como consequência desse aproveitamento, se ergueria nestas paragens um dos polos mais importantes dos centros industriais da América do Sul, cuja força, somada à do Salto de Avanhadava, se transformaria em energia elétrica.

De fato, a abundância da produção energética e a posição privilegiada diante da proximidade com os grandes polos de consumo industrial do país ensejaram a Três Lagoas a sua consolidação socioeconômica para se tornar centro de atração industrial e geração de emprego e renda. A cidade tem priorizado a execução de obras de infraestrutura urbana, as quais proporcionarão a melhoria da qualidade de vida dos nossos munícipes. Essa é a realidade dos dias atuais. Vivemos um grande momento. Os acontecimentos se sucedem em direção à prosperidade que acalentamos. Entretanto, não podemos esquecer que se impõe a adoção de uma política de planejamento urbanístico, visando estabelecer a execução correta de serviços e obras, pois é mais do que sabido que a improvisação de planejamento compromete os níveis de excelência que almejamos alcançar.

É fato que o planejamento urbanístico possibilitará a adoção de políticas públicas que assegurarão maior alcance nas prioridades que proporcionam melhoria da qualidade de vida e o consequente bem-estar à população. Registramos que, junto com Três Lagoas, hoje também é dia de celebração para o Jornal do Povo, que alcança, nesta data, 76 anos de circulação. Renovamos o propósito de escrever em suas colunas a história da cidade, o seu desenvolvimento e prosperidade. Sem arredar das nossas convicções, continuaremos defendendo os legítimos e reclamados interesses da nossa gente.