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Três Lagoas

Justiça intervém para garantir vaga na UTI Neonatal

Uma recém-nascida precisou de transferência para a capital, mas só conseguiu após 10 horas de espera

Falta de espaço físico no Auxiliadora impede implantação de UTI Neonatal -
Falta de espaço físico no Auxiliadora impede implantação de UTI Neonatal -

A falta de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal continua trazendo sérios problemas para Três Lagoas. Isso porque nem sempre os bebês que precisam de internação especializada são encaminhados urgentemente para Campo Grande, local mais próximo onde é possível encontrar atendimento. No último final de semana, mais um casal viveu o drama de ver o primeiro filho entre a vida e a morte à espera de uma ambulância especial para transferi-lo para a capital. Tudo estava certo para a chegada da filha, mas ela nasceu com o baço e fígado inchados, o que atrapalhava a respiração. Um rompimento de alguma das veias dos órgãos seria fatal. Ela precisava ser internada na UTI Neonatal urgentemente. No entanto, não foi assim que aconteceu.

Os pais, que preferem não se identificar, alegaram que o Hospital Unimed, local onde a menina nasceu, cobrava uma importância que eles não tinham para pagar o transporte de ambulância. O caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar. De acordo com o conselheiro de plantão, Davis Martinelli Leal, a menina tinha seis horas de vida e já precisava estar na UTI há seis horas. O conselheiro entrou em contato com o hospital, porém o valor cobrado foi mantido. Segundo Leal, foi necessária a intervenção do Poder Judiciário.

Davis explicou que precisaria acionar o Ministério Público Estadual (MPE), mas o promotor de plantão era de Bataguassu e, por consequência, seria necessário o conselheiro ir até aquele município para apresentar o processo. Por essa razão, ele preferiu ir direto ao juiz de plantão, Rogério Ursi Ventura, para solucionar a situação. “A menina havia nascido às 2h35 de sábado, porém, quando conseguimos concluir o processo, já era 0h25 de domingo. Enquanto isso, ela corria risco de morte”, disse. O juiz atendeu ao conselheiro e determinou que a criança fosse encaminhada imediatamente a Campo Grande. “Como num passo de mágica, o hospital forneceu a ambulância e a menina foi transferida”, destacou.

O bebê continua internado na capital, mas seu estado de saúde é estável. Segundo Leal, ele já recebeu alta da UTI e está se recuperando em um quarto normal. Para Leal, é necessário que a implantação de uma UTI para crianças seja implantada o quanto antes na cidade. Ele disse que somente neste ano o Conselho Tutelar já precisou intervir em pelo quatro desses casos. No ano passado, oito bebês só foram transferidos após determinação judicial. “Quando a situação acontece no Sistema Único de Saúde [SUS], eles alegam que não há vagas. Quando é no particular, o plano não cobre”, explicou.

A reportagem do Jornal do Povo tentou falar com a direção do Hospital Unimed sobre o caso, mas foi informada de que o diretor entraria em contato assim que pudesse. Até o fechamento desta edição, a direção não retornou a ligação. A atendente adiantou apenas que o convênio dos pais da criança não cobria a transferência para a capital.

Mesmo com aparelhos já comprados, Neonatal ainda não tem data para ser implantada

A esperança de implantar uma UTI Neonatal no município está depositada no projeto Rede Cegonha, idealizado pelo Ministério da Saúde (MS). A estimativa de recursos para alimentar a rede é de R$ 9,3 bilhões, até 2014. De acordo com a diretora de saúde coletiva, Ludimila do Vale Silva Sales, o projeto consiste em ampliar os benefícios oferecidos as gestante e aos recém-nascidos. Além da UTI, está prevista a Casa de Parto. Será montada uma estrutura para atender às mulheres de outras cidades que vêm a Três Lagoas para realizar o parto normal ou cesariano.

Ludimila disse que o Governo do Estado está empenhado em implantar o projeto. Prova disso é que todos os equipamentos necessários para a instalação da UTI Neonatal no Hospital Auxiliadora já foram comprados. Ela disse que aguarda apenas o Auxiliadora liberar um espaço físico para a instalação dos aparelhos. “O hospital, porém, tem até o ano que vem para disponibilizar o espaço físico”, disse.

A diretora administrativa do Hospital Auxiliadora, Firmina Mendonça, disse que ainda não recebeu a verba do governo para investir no espaço físico da UTI. “Cadastramos o hospital no projeto, mas, por enquanto, eu desconheço qualquer investimento feito por parte do governo”, disse.