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Três Lagoas

Leishmaniose canina não recua

Neste ano, mais de 3,5 mil cães haviam sido sacrificados com a doença no CCZ

Apenas no último sábado (19), o CCZ realizou a eutanásia em 40 animais, 97% deles estavam infectados com leishmaniose -
Apenas no último sábado (19), o CCZ realizou a eutanásia em 40 animais, 97% deles estavam infectados com leishmaniose -

Ao contrário da incidência de casos em humanos, a leishmaniose canina não recuou e permanece na mesma média, em Três Lagoas. Do começo do ano até sexta-feira (19), o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) havia sacrificado o total de 4.202 cães. Destes, 3.515 estavam contaminados pela doença. Conforme levantamento feito pelo CCZ, a média é de 250 a 300 eutanásias ao mês. Com exceção dos meses de julho e agosto, que registraram 540 e 466 cães com leishmaniose, respectivamente. A média corresponde a um dado preocupante: por dia, dez cães contaminados com leishmaniose são recolhidos.

Nos primeiros dezoito dias de dezembro, haviam sido 148 cães recolhidos pelo CCZ, mas o número já havia sofrido alterações nesta segunda-feira (21). “No sábado (19), trabalhamos até às 12h30 para sacrificar cerca de 40 cães e seis gatos recolhidos pela carrocinha. Hoje pela manhã, recolhemos sete cães e temos ao menos dez para recolher nesta tarde. A maioria deles, com a doença”, completou Antonio Luiz Teixeira Empke, coordenador do CCZ.

De acordo com ele, o índice de leishmaniose canina permanece na mesma proporção que no ano anterior. “A redução dos casos humanos teve a participação do CCZ, se estes cães [sacrificados] estivessem vivos teríamos mais de 100 casos em humanos”.

Empke defende que para reduzir a leishmaniose canina se faz necessária a implantação de três medidas: identificação e recolha de animais contaminados com a doença, controle do flebótomo [mosquito transmissor da doença] e conscientização da população.

“A população demora muito para entregar os animais contaminados com a doença. Hoje, a média é de três meses desde a confirmação da doença até a entrega do animal para a eutanásia. Primeiro a pessoa nega, pede contraprova, daí tenta tratamento. E só quando todas estas alternativas falham, quando o cachorro está definhando, procuram o CCZ novamente”, disparou.

O coordenador alerta para um problema sério deste processo de aceitação do dono do cão: quanto maior a demora, maior o risco de contaminação em humanos. “O cão, em tratamento ou não, é reservatório da doença em potencial. As pessoas precisam ter consciência que, enquanto o cachorro doente está na casa, toda a família corre perigo. Não existe tratamento para leishmaniose. Todos são proibidos pelo Ministério da Saúde e sabe por quê? Porque todos os dias eu faço eutanásia em cães que ‘estavam em tratamento’ e que agora estão só o pó”.

COMBATE

Além das chamadas diárias feitas pela população, o trabalho do CZZ é realizado em parceria com mais três setores ligados ao combate à leishmaniose: endemias (controle de vetores), epidemiologia (casos humanos) e entomologia (insetos). “Sempre quando há um caso em humanos, todos estes setores são alertados. No caso do CCZ, começamos o trabalho de triagem para identificar se há animais contaminados com a doença na casa ou vizinhança”, explicou.

Além disto, no próximo ano o CCZ deverá começar um novo inquérito canino em Três Lagoas. Conforme Empke, o inquérito deverá ser feito em quatro áreas – consideradas de alto risco pelo Ministério da Saúde. “O nosso trabalho começará em abril. Primeiro a Endemias passa borrifando e depois começamos o levantamento em cães. O objetivo é coletar material para exame de, no mínimo, 95% da população canina total, que gira em torno de 2,9 mil cães”.

Pela determinação do Ministério da Saúde, o inquérito canino deverá passar por quatro setores, com a média de três a cinco bairros cada, e seguem a seguinte ordem: Vila Haro e região, com 578 cães; Santos Dumont, São Carlos e região, com 603; Nossa Senhora Aparecida, Santa Rita e região, com 1082 cães, e a área do Paranapungá, com 637 cães.

O trabalho de borrifação nestas regiões deve começar no dia 4 de janeiro.