O número de partos normais realizados nos últimos dois anos em Três Lagoas tem sido superior ao número de cesarianas. O índice não chega a ser o ideal recomendado pelo Ministério da Saúde, mas corresponde a um grande avanço. Em 2010, dos 1088 partos, 589 ocorreram de forma natural e 499 das gestantes precisaram passar pela sala de cirurgia. No ano passado, foram realizados 1100 partos, dos quais 559 foram normais e 541 cesarianos. Os dados são do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).
Conforme o médico obstetra, Cassiano Maia, os números do DATASUS são positivos, pois o parto natural é mais saudável, tanto para a gestante quanto para o bebê. Ele explicou que o recém-nascido respira melhor e a amamentação da mãe é mais preparada. “A mama da mulher é contraída na hora do parto normal. Isso faz com que ela tenha mais facilidade em oferecer o leite ao filho”, disse.
Outro ponto positivo do parto normal é a recuperação. Segundo Maia, ao dar à luz, a mãe poderá ter alta em 24 horas. “Essa forma de nascimento oferece ainda menos riscos de morte tanto para a mãe quanto para a criança. O bebê terá ainda menos chances de nascer prematuro. “Quem determina o nascimento, quando ele acontece de forma natural, são Deus e o bebê. Já a cesariana é decidida pelo médico. Nós [médicos] podemos errar e fazer com que o bebê nasça prematuro. Agora, Deus nunca erra”, disse.
CESARIANAS
Passar por um centro cirúrgico, ser sedada por anestésicos e levar um corte na barriga. Essas são algumas das situações pelas quais a gestante, que ganha o bebê através da cesariana, passam. Segundo o obstetra Maia, diferentemente da recuperação rápida do parto normal, a gestante que faz uma cesária leva três dias para receber alta. Sem contar que após a saída do hospital terá que tomar certos cuidados para não sofrer complicações. “Ela pode ainda correr o risco de infecções hospitalares e as chances de o bebê nascer antes do tempo são grandes”, contou. Destacou que a mãe ainda terá que lidar com as dores, movimentar-se de forma restrita e ter certa dificuldade em amamentar.
PREFERÊNCIA
Apesar dos aspectos positivos e negativos que fazem parte do nascimento e do número de partos normais considerados bem-sucedidos, muitas mulheres ainda fazem questão de passar pelo centro cirúrgico. Segundo Cassiano Maia, em seu consultório particular a grande maioria das gestantes opta pela cesariana. Ele disse que muitas delas temem sofrer de dor na hora do parto normal. Na opinião de Maia, o parto cesariano está inserido na cultura da mulher brasileira. “Em países desenvolvidos, as futuras mães são preparadas, desde o início da gestação, para o parto normal. Mas, no Brasil, isso ainda não acontece”, disse o médico.
Já no Sistema Único de Saúde (SUS) a preferência das mulheres nem sempre é atendida. Isso porque o Ministério da Saúde recomenda uma meta para partos naturais. Segundo Maia, é provável que a maior parte dos partos normais tenha sido feita pelo SUS, pois no setor privado a preferência é a cesariana.