Com o avanço das florestas, a pecuária vem gradativamente perdendo espaço em Três Lagoas. A cidade, que no passado chegou a ter mais de um milhão de bovinos, hoje não ultrapassa a margem de 800 mil cabeças. A redução é comprovada por meio de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). De acordo com as estatísticas, o rebanho três-lagoense foi reduzido de 957,1 mil cabeças, contabilizadas no ano de 2004, para 753,3 mil, em 2010. O número corresponde a uma redução de 21,3% (203 mil cabeças). Os dados de 2011 ainda não foram divulgados pelo Instituto.
Para o presidente da Associação de Criadores de MS (Acrissul), Francisco Maia, a redução do rebanho bovino não apenas era esperada, como deverá aumentar ainda mais nos próximos anos. “Trata-se de um processo natural. Com a expansão das florestas, as terras deixam de ter gado. Há um lado bom para o produtor, que tem maior lucro. A floresta é mais rentável e deverá crescer muito mais. Três Lagoas, em breve, será a capital da floresta”.
Maia defende que uma das principais causas para a migração de culturas – da pecuária para a floresta – deve-se ao alto custo da produção de gado de corte. “No Brasil, o custo é um fator limitante. Custa caro ser brasileiro. No Paraguai, por exemplo, o processo de criação de gado é 30% mais barato que aqui. Em contrapartida, na hora da venda, o valor é o mesmo”, destacou.
O presidente não tem o número exato de produtores que migraram de cultura. Mas admite: “São centenas deles. Eu mesmo mudei de cultura. Mudou-se a matriz econômica do Estado. São variáveis que surgem para que o produtor consiga continuar. Caso contrário, ele acaba. O produtor não aguenta”. Para Maia, o lucro com o cultivo de florestas, por exemplo, chega a ser três vezes superior ao da pecuária de subsistência (tradicional).
O presidente não acredita no completo fim da pecuária. Para ele, o melhor caminho para os produtores está na integração: gado e outra cultura, como a cana, a soja e, no caso de Três Lagoas, a floresta de eucalipto (Silvicultura). Entretanto, os pecuaristas terão de se modernizar. “Esta pecuária à qual estamos acostumados, de subsistência, com uma cabeça por um alqueire e áreas degradadas, com certeza desaparecerá. Os produtores terão de se adequar e investir em novas tecnologias. Deixaremos de ter o maior rebanho do Brasil para ter o melhor rebanho do país”.
Estima-se que em torno de 500 mil hectares, antes destinados à pecuária de corte, hoje estejam ocupados por eucalipto.
ESTADO
Atualmente, Mato Grosso do Sul está na terceira posição entre os estados criadores de gado do Brasil. Porém, corre o risco de perder o posto – ocupado desde 2009 – para os estados do Pará e Goiás.
Segundo o IBGE, o Estado conta com um rebanho de 22,3 milhões de cabeças. No começo deste ano, o número de abates sofreu um aumento de 20%. Enquanto no mês de janeiro de 2011, os produtores sul-mato-grossenses abatiam 264,3 mil cabeças. Neste ano, o índice chegou a 290,3 mil animais. Além disso, foram 24,2 mil fêmeas a mais abatidas neste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
BOX:
Evolução do rebanho três-lagoense
2004 – 957.151 cabeças
2005 – 938.008 cabeças
2006- 887.598 cabeças
2007 – 790.810 cabeças
2008 – 788.602 cabeças
2009 – 754.126 cabeças
2010 – 753.337 cabeças
Fonte: IBGE